Desde que passou a ocupar o cargo de Ministro da Fazenda, Fernando Haddad teve algumas mudanças de percepção pelo mercado, motivado pelos resultados práticos de algumas políticas e também pela disparidade entre a agenda econômica que de fato avançou e as declarações feitas em Brasília.
Segundo Rafaela Vitoria, Economista-Chefe do Banco Inter, o pessimismo inicial do mercado com o ministro foi justificado por uma série de pontos.
“Eu diria que a gente começou o ano, começou o novo governo, com muitas notícias preocupantes . Tinha um pessimismo que resultou em aumento nos prêmios de risco nas bolsas e no mercado de juros. Isso em grande parte por declarações que vieram do próprio governo, não vieram só com um receio do mercado com medidas populistas”, afirma, em entrevista exclusiva ao Suno Notícias.
A especialistas destaca que no início do ano foi aprovada a PEC da Transição, que por sua vez trouxe um déficit de cerca de R$ 230 bilhões. Na sequência, o Governo “começou a debater medidas de retrocesso, no marco do saneamento, e até em reformas como a trabalhista e a previdenciária”.
Rafaela chama atenção, da mesma forma, para os embates entre o Planalto e o Banco Central (BC) e a mudança nas políticas adotadas em estatais.
“Houve um grande pessimismo, resultado de declarações e algumas medidas que chegaram a avançar, mas que depois ser barradas pelo Congresso”, declara.
O ‘Antes X Depois’ de Haddad
Questionada se sua visão acerca do Ministro da Fazenda mudou desde a sua nomeação até o momento atual, Rafaela declarou que “ainda tem questionamentos”
“Lá no início ele trouxe uma expectativa de melhora do resultado fiscal, mas com pouca credibilidade. Ele falava em zerar o déficit. Ele também trouxe uma expectativa de reduzir a dívida que era muito mais otimista do que a do mercado, mas sem muitos planos concretos. Boa parte depende de aumento de arrecadação, mas pouca coisa do lado da redução de gastos”, afirma.
Isso, segundo a economista-chefe, fez com que Haddad desse sua largada ocupando a cadeira de ministro que “não trouxe uma credibilidade tão alta”.
Porém a situação do fim do segundo semestre de 2023 está “um pouco mais invertida”, relata a especialista.
“Tanto do lado do fiscal, que está melhor do que o esperado, com projeções menos otimistas do governo, apesar de ainda acima do esperado. Hoje o Governo de fato faz medidas diferente do que declara”, afirma.
“Um grande exemplo foi a meta de inflação. Enquanto o presidente falava que a meta tinha que ser maior, o ministro aprovou uma meta de 3%. Vimos essa inversão, do que de fato acontece e vai pare frente, e do que é declarado pelos membros do governo, até mesmo pelo presidente”, segue.
Segundo Rafaela, por conta disso a “credibilidade do Ministro Haddad subiu bastante”.