Mercado financeiro: Brasil fica no 1º lugar na AL em emissão de títulos verdes
O mercado financeiro brasileiro ganha espaço em uma das iniciativas atuais mais urgentes — integrar o universo financeiro às medidas globais de combate as mudanças climáticas. Desde a atuação das empresas até aplicações em fundos ESG, todas são ações necessárias de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Em um ponto, o País já se destaca. Entre a quantidade de emissões de títulos verdes no mercado financeiro latino-americano, o Brasil é responsável por 30,7% dos valores totais, segundo o Estadão.
Desde 2015, quando o primeiro título foi emitido, até junho deste ano, as 78 transações brasileiras em títulos verdes somam US$ 10,3 bilhões (R$ 40,5 bilhões). Já o total em toda a América Latina chega aos US$ 26,3 bilhões.
Entretanto, de acordo com o Estadão, são as instituições não financeiras que lideram a emissão desses títulos ESG no País. Os setores de energia renovável, infraestrutura e agricultura estão no topo do ranking e respondem por 67 títulos, ou seja, 78% do total.
Para melhorar essa adesão por parte do mercado financeiro e do mercado de capitais, a Climate Bonds Initiative (CBI) e a CFA Society Brazil elaboraram um artigo educativo. No texto, as organizações abordam os impactos dos ativos com certificação sustentável até chegar aos investidores.
Educação sobre os títulos verdes
Apesar de ainda não ter entrado no radar de todos os investidores, os investimentos sustentáveis têm tomado espaço de forma rápida e intensa, explica Gustavo Herkenhoff Moreira, presidente da CFA Society Brazil e coordenador dos MBAs de Finanças do Ibmec, ao Estadão.
“Analisamos ser uma tendência que veio para ficar, especialmente quando as gerações mais novas ocuparem cargos mais altos no mercado de trabalho e alcançarem maturidade financeira”, diz.
Medidas judiciais recentes, como o Decreto 10.387/20, que visa acelerar a emissão de debêntures verdes, e a Lei 13.986/20 que permite que CRAs sejam emitidos em moeda estrangeira, são exemplos de regulamentações que podem apoiar o desenvolvimento de um mercado financeiro mais sustentável no Brasil.
Para Herkenhoff, o interesse dos investidores em empresas que atendem os três pilares do ESG (ambiental, social, governança) está ligado aos melhores resultados que são consequências naturais das práticas.
Cita como exemplo destinar resíduos sólidos de forma correta e reduzir o consumo de energia minimiza a possibilidade de multas. Dessa forma, pode haver aumento de receita e atração de novos clientes e investidores.
Mesmo que esse fator ainda não esteja no radar da maior parte de quem investe no mercado financeiro, Herkenhoff diz ser possível ver uma mudança acelerada. “Diversas pesquisas mostram que a responsabilidade sustentável acarreta na redução de risco para investidores, que por sua vez contam com gestores para levar o tema em consideração”, explica ao Estadão.