O mercado de fundos de investimento no agronegócio, os Fiagro, tem ainda um longo espaço para percorrer e muito terreno para ganhar, e para isso precisa melhorar seu nível de informação e superar outras dificuldades, afirmou Octaciano Neto, diretor de Agronegócios do Grupo Suno.
Durante palestra no evento Suno Invest, que ocorre neste fim de semana (17 e 18) em um hotel da Zona Sul de São Paulo, Octaciano Neto explicou que o setor do agronegócio, responsável por 25% do produto interno bruto brasileiro, tem grandes condições de aumentar sua captação no mercado de capitais para aumentar os investimentos na própria indústria.
O setor do agronegócio depende de capital para girar, e utiliza a estrutura do Banco do Brasil (BBAS3), através do Plano Safra, criado em 2003, para financiar o custeio das atividades, e desde 2021 busca no mercado recursos para financiar investimentos, como obras de irrigação, construção de silos e afins.
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“Entre os principais problemas para se destravar esse crescimento, é a forma como o agro se comporta na questão do desmatamento, o setor não precisa de um metro de área nova para produzir, já tem espaço suficiente e precisa melhorar sua comunicação nesse sentido, de que é contra o desmatamento”, disse Neto.
Em seguida, o especialista afirmou que o investidor que vai comprar um Fiagro merece mais informações a respeito do que está financiando. Isso entra na conta as iniciativas ESG, caso hajam.
“O sujeito entra no site para escolher um fiagro e está descrito ‘Produção de milho em Sorriso-MT’, isso é muito pouco, para crescer vai precisar atrair investidores mais exigentes”, apontou.
Selic e o impacto em Fiagro e demais fundos
Sobre se um possível início do ciclo de corte da taxa Selic tornaria os papéis menos atraente, o especialista afirmou que a morosidade e a forma como o Banco Central comunica as mudanças nos juros dá o tempo necessário para que os gestores dos fundos possam remanejar seus portfólios para manter o papel com uma remuneração atrativa.
A mudança da regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre fundos de investimentos também será uma oportunidade para destravar o crescimento dos Fiagro, segundo Neto. Para ele, a simplificação para a criação do fundo tornará os custos da operação muito mais baratos e desburocratizados, aumentando os retornos ao investidor.