Qual o melhor investimento com a Selic mais alta do que o esperado?

Projeções de queda mais acentuada dos juros, já foram substituídas pelo ritmo mais lento; veja sugestões de bons investimentos.

O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (27) pelo Banco Central confirmou a mudança de vento das últimas semanas: a segunda projeção seguida da Selic a 10% ao ano confirmou que o mercado já precificou que o ritmo de queda da taxa básica de juros da economia brasileira será bem mais lento que o esperado no começo do ano. De olho nisso, o investidor precisa ficar atento e descobrir qual o melhor investimento diante do novo cenário.

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Vale lembrar que o primeiro Focus do ano, divulgado em 8 de janeiro, projetava para o fim de 2024 uma Selic a 9%. Com o índice ainda a 11,75%, analistas estimavam cortes de meio ponto nas três primeiras reuniões do ano do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) e de 0,25 ponto nos encontros seguintes.

Mas o cenário virou. A queda de meio ponto se restringiu às duas primeiras reuniões da autoridade monetária, e já no encontro de maio a redução foi de 0,25 ponto, para a taxa atual de 10,5%. E a expectativa, de acordo com o boletim mais recente do BC, é de que, nos cinco encontros restantes, haja apenas duas reduções de 0,25 ponto. 

Melhor investimento: os motivos da mudança

A mudança no cenário do mercado de investimentos se deu, de forma geral, por algumas causas apontadas de forma majoritária por analistas e gestores de fundos de investimento, que dizem respeito tanto ao cenário externo como ao interno.

No caso do mercado externo, a maior influência é a taxa de juros dos EUA, mantida no intervalo entre 5,25% e 5,5% nas primeiras três reuniões do ano do Fomc, o comitê de política monetária do Fed, banco central norte-americano, diante da dificuldade de reduzir a inflação para a meta de 2% ao ano e de dados que mostram uma economia ainda ativa – o que amplia as pressões inflacionárias.

“A persistência da inflação, a atividade econômica mais forte do que o esperado, o mercado de trabalho apertado e as incertezas com relação aos próximos passos do Fed têm mantido a curva de juros em nível mais alto, o que também puxa a taxa da renda fixa”, diz Rafael Ohmachi, portfolio manager da gestora RB Asset.

A ata da última reunião do Fed, realizada em 1º de maio e divulgada na semana passada, deu a impressão de que o ciclo de queda ainda vai demorar. 

“Esperamos que o Fed comece a reduzir as taxas de juros em algum momento do segundo semestre deste ano”, informou a gestora AZ Quest em seu último relatório de crédito, explicando a opção pelo curto prazo em investimentos externos. 

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No Brasil, risco fiscal sobrepõe projeções mais otimistas

Aqui no Brasil, o persistente risco inflacionário, ilustrado pela alta dos alimentos nos últimos meses, é sustentado também pela descrença de que o governo será capaz de cumprir a meta de zerar o déficit fiscal. Além disso, a Fazenda revisou para zero a meta de 2025, que previa superávit de 0,5% do PIB.

“Embora no mercado fosse notória a dificuldade que o governo teria para atingir tal meta, a revisão veio antes do esperado e reacendeu a discussão sobre a sustentabilidade do arcabouço fiscal”, apontou a AZ Quest em sua carta do gestor divulgada no início deste mês.

Nesse novo cenário, as projeções de juros futuros dispararam, derrubando índices do mercado de capitais, como o Ibovespa, com as principais ações da B3, e o IFIX, com os principais fundos imobiliários (FIIs) do mercado. Os papeis do Tesouro Direto atrelados ao IPCA passaram a ser negociados com spreads superiores a 6%, e isso acabou por ampliar a atratividade dos investimentos em crédito privado.

Nessas operações se enquadram tanto os títulos de dívida, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRAs) e debêntures de empresas, quanto fundos como os já citados FIIs e outras opções:

  • Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagros);
  • Fundos de Investimento em  Infraestrutura (FI-Infra);
  • Fundos de Investimento em Cotas (FICs).

Dentro do mercado de fundos, há várias opções com mandato focado na comercialização de papeis de crédito e na rentabilidade recorrente oferecida por eles a partir de dividendos, juros e amortizações.

Melhor investimento: proteção contra a inflação é o caminho

Os títulos de dívida oferecem spreads atrelados a um indexador, geralmente o IPCA, que é índice oficial de inflação no Brasil, ou o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), taxa que oscila paralelamente à Selic. 

Os papeis atrelados ao IPCA têm a vantagem de oferecer rendimentos reais acima da inflação. Já os remunerados pelo CDI garantem a atratividade de ir além da taxa básica de juros, essa mesma que vai cair menos do que se projetava no início do ano.

Alessandra Gontijo, sócia da Investo. gestora de ETFs, os chamados fundos de índice, afirma que investir com o objetivo de se proteger da inflação é uma estratégia que possibilita ao investidor manter o poder de compra

A gestora sugere, para o atual momento, opções de prazo mais curto, como seu fundo NTNS11, que apresenta uma remuneração média de IPCA+6,27%, graças a uma alocação focada em títulos com prazos de vencimento mais curtos, de até 4 anos, que têm oferecido uma volatilidade inferior em relação aos títulos de vencimento mais longo.

A Clave Capital, cujo fundo imobiliário CLIN11, focado na aquisição de CRIs atrelados ao IPCA, foi incluído no IFIX para o segundo quadrimestre de 2024, aponta que vem alocando recursos com parcimônia, a fim de tentar capturar uma combinação de bons spreads e ganhos de capital para preservar o patrimônio dos cotistas.

A distribuição de dividendos do CLIN11 vem registrando um dividend yield anualizado de 12,99%, com a maior parte do patrimônio alocado em CRIs atrelados ao IPCA, com spread médio de 9,3%.

A equipe da Fator aponta para outro elemento importante na hora da escolha de alguns fundos, que contam com isenção total de imposto de renda, caso daqueles que aplicam recursos em debêntures incentivadas, títulos emitidos por empresas para investimentos em infraestrutura.

Trata-se de um mercado aquecido, com boa oferta de novas emissões, que somaram cerca de R$ 15,4 bilhões ao longo do mês de abril, além de um volume de negociações no mercado secundário de R$ 21 bilhões, o que aumenta a possibilidade de liquidez nas negociações.

Nesse sentido, na busca por oferecer o melhor investimento possível num mercado em constante variação, a RB Asset vem conseguindo resultados destacados com seu fundo de investimento em debêntures incentivadas, que apresentou rentabilidade de 21,17% nos últimos 12 meses, o equivalente a 172% do CDI.

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Fernando Cesarotti

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