A Marinha do Brasil lançou nesta sexta-feira (14) o submarino S-40 Riachuelo no Complexo Naval de Itaguaí (RJ).
O presidente Michel Temer e o presidente eleito, Jair Bolsonaro, participaram da cerimônia de lançamento ao mar do submarino S-40 Riachuelo.
O Riachuelo é o primeiro natante do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), realizado tem parceria com a França.
A primeira-dama, Marcela Temer, madrinha do Riachuelo, batizou o submarino. Ela quebrou uma garrafa contra o casco e pediu a bênção ao submarino e aos marinheiros que o navegarem.
“Estamos dando prova renovada da excelência da nossa indústria naval. Estamos mostrando que juntos somos capazes de superar qualquer desafio. País de vocação pacífica, o Brasil constrói seu submarino, não para ameaçar quem quer que seja, não para perturbar a tranquilidade das águas internacionais. O Brasil constrói seus submarinos, porque um país com mais de 7 mil quilômetros de costa, não pode prescindir de instrumentos para defesa de sua soberania e suas riquezas marinhas”, declarou Temer, que descerrou a placa.
Temer disse ter a “mais absoluta convicção” que o presidente eleito e sua equipe farão um “extraordinário governo”. “Não só pelo que revelaram nas suas falas, mas pela história do presidente Bolsonaro e daqueles que compõem a sua equipe”, afirmou o mandatário. Bolsonaro não discursou.
O elevador de lançamento ao mar, com 34 guinchos, foi acionado em conjunto pelo presidente Temer, pelo comandante da Marinha, almirante de esquadra Leal Ferreira, e pelo presidente eleito. O processo de descida demorou meia hora.
O comandante da Marinha destacou que o projeto contou com uma troca de conhecimento com a França e capacitação de profissionais e empresas brasileiras.
“O batismo e lançamento ao mar inaugura uma nova fase de preparação do Riachuelo. Ao longo dos próximos meses serão feitos testes de funcionamento de seus equipamentos, antecedendo a incorporação à esquadra. Em breve, o submarino será um instrumento de coação em consonância com os preceitos da estratégia de defesa do país”, afirmou o almirante Leal Ferreira.
O ministro da Defesa, general da reserva Joaquim Silva e Luna, discursou lembrando que o Brasil é o 10º país com maior área marítima. O País possui riquezas inestimáveis nesse território, batizado de Amazônia Azul. Além disso, em suas águas territoriais está 95% da produção de petróleo nacional.
Silva e Luna salientou que com o Prosub, além de proteger esse território, o país forma mão de obra qualificada e movimenta a economia e a geração de conhecimento.
“Hoje é dia a ser celebrado, sem ufanismo, mas com muito otimismo e muito orgulho”, afirmou Silva e Luna. O ministro acrescentou que o programa requer perseverança, continuidade de esforços e investimentos.
Defesa da Amazônia Azul
A Marina informou que para proteger o patrimônio natural da chamada Amazônia Azul (área de 3,5 milhões de quilômetros quadrados) e garantir a soberania brasileira no mar estão sendo realizados investimentos na expansão da força naval e no desenvolvimento da indústria da defesa. O Prosub é parte essencial desse investimento.
A Estratégia Nacional de Defesa, lançada em 2008, estabeleceu que o Brasil tivesse “força naval de envergadura”, incluindo submarinos com propulsão nuclear. Neste mesmo ano, foi firmado acordo entre Brasil e França com três condições: transferência de tecnologia, nacionalização de equipamentos e sistemas e capacitação de pessoal.
O S-40 Riachuelo tem 72 m de comprimento e mais 1,8 mil toneladas de peso, com capacidade para transportar 35 marinheiros em viagens que podem durar até mais de 70 dias seguidos.
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O submarino será armado com torpedos e mísseis e poderá espalhar minas navais nas rotas de outras embarcações.
Os submarinos Classe Scorpène fazem parte do programa Prosub, um dos programas mais importantes das Forças Armadas do ponto de vista estratégico. Esses programas incluem também a construção de uma grande base naval e de estruturas de enriquecimento de urânio. Este último parte do Programa Nuclear da Marinha.
O principal responsável pela gestão do programa Prosub e do Programa Nuclear da Marinha, é o almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque. Ele deve deixar a Marinha no fim do ano para integrar o governo de Jair Bolsonaro como ministro de Minas e Energia.
O Brasil já possui outros cinco submarinos, das classes Tupi e Tikuna, que usam tecnologia de origem alemã. Eles são mais leves e cerca de 10 m menores que a classe Riachuelo. Uma condição lhes dá menor autonomia no mar (cerca de 50 dias). O da classe Tikuna, construído no Brasil ficou pronto em 2008. Os quatro da classe Tupi, sendo o primeiro construído na Alemanha entre 1987 e 1989 e os outros três, iguais ao alemão, montados no Brasil, mas sem transferência de tecnologia, foram construídos nas décadas de 1990 e 2000.
A Marinha não divulgou informações estratégicas como a profundidade máxima que o Riachuelo conseguirá mergulhar assim como sua velocidade máxima exata. Entretanto, a Força Armada confirmou que o submarino atingirá mais de 37 km/h.
Por que o Brasil constrói um submarino
O submarino será usado essencialmente para defender a costa brasileira e as instalações petrolíferas do pré-sal em alto mar contra eventuais ataques de embarcações militares de grande porte.
A presença de submarinos defendendo as águas territoriais do Brasil tem “efeito dissuasório”. Isso porque aumenta exponencialmente os custos de um ataque naval por parte de um país com maior poder militar que o Brasil.
O invasor teria que usar mais navios ou tecnologia superior para defender
suas embarcações de ataques dos submarinos.
Em caso de ataque, a principal tática é parar o submarino no fundo do mar e esperar pela passagem de navios inimigos na superfície. Quando os alvos se aproximam eles podem disparar torpedos e mísseis ou espalhar minas navais no caminho das embarcações.
O S-40 Riachuelo é o primeiro de uma série de cinco submarinos da Marinha do Brasil da Classe Scorpène construídos com tecnologia francesa. Um dos quais será movido a energia nuclear. O cronograma de lançamento ao mar dos submarinos do Prosub é: Humaitá em 2020, Tonelero em 2021, Angostura em 2022 e o nuclear Álvaro Alberto em 2029.