A Marfrig Global Foods (MRFG3) divulgou nesta terça-feira (26) seus resultados do terceiro trimestre deste ano. A gigante das carnes anotou um lucro líquido de R$ 1,7 bilhão, um incremento de 148,7% em comparação com o ganho apurado no mesmo período de 2020.
A diversificação geográfica da Marfrig, com sua forte presença na América do Norte, e com operação na América do Sul, fez com que a companhia alcançasse um resultado com recordes na receita líquida, que atingiu 23,6 bilhões ao final de setembro, alta de 40,4% na comparação anualizada. Pelo mesmo motivo, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado também foi recorde e somou R$ 4,7 bilhões, alta de 115,6%, na base anual.
A margem Ebitda, por sua vez, alcançou 20%, após avançar 700 pontos base em relação ao terceiro trimestre do ano passado.
No balanço, Marcos Molina, presidente do conselho de administração da companhia, destaca o compromisso “inegociável com a solidez financeira da Marfrig”. Diz ele: “Terminamos o trimestre com o menor índice de alavancagem (relação dívida líquida / EBITDAaj UDM) da história da Marfrig – 1,10x em reais e 1,07x quando mensurado em dólares.”
A dívida líquida da Marfrig encerrou o trimestre em US$ 2,525 bilhões, uma redução de 12,2% em comparação com a dívida apurada ao final de junho. A companhia atribui a redução à forte geração de caixa no período.
Operações na América do Norte
Molina aponta que durante o terceiro trimestre a empresa apresentou “um sólido conjunto de resultados, com recorde de performance de nossa operação na América no Norte, evidenciando a ampla disponibilidade de animais e forte demanda por carne bovina nos Estados Unidos.”
O documento destaca que o crescimento da demanda na América do Norte é justificado pela reabertura da economia americana, frente ao avanço da vacinação contra o coronavírus; à recomprosição dos estoques da cadeia de food-service; ao cenário econômico ainda impulsionado pelos estímulos financeiros do governo federal e pela sazonalidade do período.
O preço de venda de carnes foi 43% superior ao mesmo período de 2020 e somou US$ 298,7 no terceiro trimestre deste ano. O documento aponta que “somado ao maior volume de vendas, compensaram o incremento de quase 21% no custo do gado (na referência USDA KS Steer $/cwt), e levaram a operação ao seu melhor resultado histórico.”
O volume total de vendas no trimestre da operação da América do Norte foi de 516 mil toneladas, alta de 0,6% na base anual. Desse total, 441 mil toneladas foram direcionadas para o mercado interno.
Já a receita líquida da operação América do Norte bateu um recorde, mais uma vez, e somou R$ 3,202 bilhões (cerca de R$ 16,729 bilhões), um salto de 43,2% em relação ao terceiro trimestre de 2020.
“A forte performance é explicada, principalmente, pelo maior preço médio de vendas em todos os mercados de atuação, combinado ao incremento no volume de vendas”, explica o documento arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Entre julho e setembro desse ano, o custo de produtos vendidos foi de US$ 2,275 bilhões, um salto de 22,3% em relação aos mesmos meses em 2020. O avanço foi atribuído ao aumento no preço médio de compra de gado.
Por sua vez, o Ebitda do trimestre cresceu 166,7% na base anual e somou US$ 857 milhões (cerca de R$ 4,479 milhões), maior resultado trimestral e recorde histórico da operação.
Operações na América do Sul
Já na América do Sul, a Marfrig apontou que o volume de vendas da operação foi de 390 toneladas, alta de 5,4% em relação ao terceiro trimestre de 2020. O desempenho foi atribuído ao incremento de 8,3% no volume de exportações.
A receita líquida da operação da Marfrig na América do Sul somou R$ 6,609 bilhões, alta de 44,1%, na mesma base comparativa. “A performance é recorde para a Operação e é explicada pelo aumento de 36,8% no preço médio total de vendas. O Destaque foi o preço médio de exportações, quando mensurado em dólar, que foi 38,7% superior ao 3T20 – US$ 5.530/t no 3T21 vs US$ 3.978/t no 3T20”, diz o balanço.
“Na América do Sul, nossa gestão eficiente e excelência operacional foram fundamentais para enfrentarmos as adversidades em um cenário de preços altos de gado e medidas restritivas nas exportações. Obtivemos recorde de receita líquida, mesmo em um cenário mais desafiador, apresentando um crescimento de mais de 5% no volume de vendas quando comparado ao mesmo período de 2020”, salienta o documento.
Além disso, o custo de produtos vendidos foi de R$ 6,337 milhões, salto de 55,9% em comparação com o mesmo trimestre de 2020. Esse avanço foi explicado pelo custo de matéria prima que representou 86,8% da composição total do CPV.
Já o Ebitda da operação América do Sul caiu 40,5% na base anual, para R$ 301 milhões.
O documento destaca ainda que “no Brasil, de acordo com dados prévios do Ministério da Agricultura, o volume de abate no 3T21 foi de 5,2 milhões de cabeças, 11% menor que o mesmo período do ano anterior, explicado pelo cenário de escassez de matéria prima e pela auto suspensão temporária das exportações brasileiras para China, ocorridas no início de setembro, devido aos casos atípicos de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina). Já a demanda doméstica por proteína bovina, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi a menor em quase 30 anos, e as exportações continuam sendo a principal fonte de rentabilidade das empresas do setor.”
Por outro lado, no Uruguai, “houve um aumento de 50% no total de abate na comparação com o mesmo período do ano anterior (691 mil cabeças no 3T21 vs 459 mil no 3T20), sinalizando o momento positivo de disponibilidade de animais. Outro fator de destaque foi o aumento de 67% nas exportações do País, que se aproveita do momento de indefinições na política de exportações da Argentina e pela restrição das exportações brasileiras à China.”
Cotação da Marfrig
A ação da Marfrig (MRFG3) encerrou o pregão de hoje em queda de 0,85%, valendo R$ 24,61, antes da divulgação dos resultados.
No ano, o papel da Marfrig acumula uma alta de 69,61%, frente ao fechamento a R$ 14,51%.
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