A Marfrig (MRFG3) está em busca de um refinanciamento de um empréstimo ponte de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,87 bilhões), realizado no ano passado, com o intuito de alongar suas dívidas. A informação foi divulgada pelo vice-presidente de finanças e de Relações com Investidores, Tang David, na última terça-feira (19).
O empréstimo contraído pela Marfrig no final do ano passado serviu para financiar a compra de uma participação adicional na companhia norte-americana National Beef. Segundo o executivo, em teleconferência com analistas, a empresa está em negociações avançadas com bancos para obter um empréstimo com prazo de três anos que substituiria a antiga dívida.
Dessa forma, segundo Tang, a companhia poderia diminuir o percentual de vencimento de dívidas no curto prazo, de 25% para 15%. Caso o empréstimo seja concretizado, a companhia deve rolar a maior parte das dívidas que venceriam neste ano. De acordo com seu balanço trimestral, divulgado na última segunda-feira (18), R$ 6,1 bilhões devem ser pagos ainda em 2020.
Além disso, Marcos Molina, fundador e controlador da companhia do setor frigoríficos, disse na mesma teleconferência que a National Beef deverá começar a distribuir dividendos para seus acionistas a partir de julho, o que pode ajudar a empresa a reduzir seu endividamento utilizando tais recursos.
A companhia estadunidense suspendeu a distibuição de proventos no primeiro trimestre deste ano, por deliberação própria, em razão dos efeitos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). No entanto, como as atividades da empresa foram pouco impactadas pela crise, os dividendos voltarão a ser pagos.
A própria Marfrig, depois de três anos, voltou a exportar carne bovina in natura do Brasil aos Estados Unidos. A razão pela forte demanda norte-americana foi o fechamento de frigoríficos ali instalados devido à pandemia.
A exportação de carne in natura brasileira ao mercado norte-americano foi interrompido em 2017, por questões sanitárias, e somente reaberto em fevereiro deste ano.
A National Beef é o principal braço das operações da Marfrig, representando 70% de suas vendas totais. A brasileira possui uma participação de 80% na companhia, a qual tradicionalmente distribui cerca de 56% dos lucros aos seus sócios.