A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu um processo para acompanhar a Marfrig (MRFG3) após a empresa notificar o mercado sobre a compra de ações da BRF (BRFS3). A autarquia já vinha questionando a companhia ao longo da semana, em decorrência das notícias sobre uma possível fusão entre ambos os frigoríficos, segundo o jornal Valor Econômico.
Tanto a compra de ações pela Marfrig quanto a investigação da CVM ocorreram na noite de sexta-feira (21). A companhia informou a compra de 196.869.573 ações ordinárias, representativas de aproximadamente 24,23% do capital social da BRF.
A empresa, contudo, não informou a data de aquisição da participação, sem detalhar se as compras ocorreram de uma só vez durante a sexta (21), ou em montantes separados, ao longo da semana.
Com a compra das ações, a Marfrig se torna a maior acionista individual da BRF.
Segundo instrução da CVM (nº 358, artigo 12) todas as compras ou vendas de participações devem ser divulgadas imediatamente, sejam diretas ou indiretas. Além disso, a empresa deve emitir comunicado sempre que ultrapassar os patamares de 5%, 10%, 15% – e sucessivamente – do capital social de outra companhia.
Ainda na quinta-feira (20), a CVM solicitou informações sobre as negociações atípicas dos papéis da BRF. A empresa, no entanto, afirmou que não tinha conhecimento de qualquer fato ou informação pública que pudesse justificar as oscilações.
Na sexta (21), a CVM fez um novo pedido. Com isso, a Marfrig deve esclarecer à autarquia como se deu a compra dessa participação e o motivo da não divulgação da mesma logo após ultrapassar os 5% de capital social, conforme firmado em norma.
A declaração da Marfrig, por ora, foi de que está “diversificando investimentos” e não visa exercer influência nas atividades da BRF. Anteriormente a companhia já havia descartado a possibilidade de fusão, de antemão.
Aporte agressivo da Marfrig deve ser coberto com geração de caixa
Marcos Molina, que lidera a Marfrig, disse que a compra das ações ordinárias deve ser coberta por uma geração de caixa, que deve aumentar no segundo trimestre desse ano, segundo as expectativas.
“Grande parte do investimento será absorvido com a geração do segundo trimestre e outra no terceiro, o que equivale a seis meses de geração do National, no máximo”, disse o empresário em entrevista ao jornal Valor Econômico.
Como ambas terminaram o pregão de sexta
Como ocorre comumente nesse tipo de transação, as ações da companhia que adquiriu a participação acionária caíram – em decorrência da alavancagem – ao passo que a empresa que passou a ter um novo acionista viu seus papéis se valorizarem.
As ações da Marfrig caíram 5,2% no fim do pregão de sexta (21), com preço de R$ 18,05. Enquanto isso, a BRF saltou de R$ 23,45 para R$ 26,93, uma valorização de 16,28% ao longo do pregão.