Marfrig (MRFG3): Após venda de ativos, empresa concentra foco em produtos de valor agregado e desalavancagem
A Marfrig (MRFG3) deve consolidar sua estratégia de focar em alimentos processados e marcas de alto valor agregado após a aprovação da venda de ativos para a Minerva, indicou o CEO Rui Mendonça em entrevista, logo após a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O Cade deu sinal verde para a operação entre Minerva e Marfrig ainda nesta quarta-feira (25).
“Nosso foco é em alimentos de valor agregado e operações em complexos industriais”, afirmou o CEO da Marfrig.
O CEO também destacou a prioridade da Marfrig em manter uma operação sustentável e eficiente, com foco em unidades de maior capacidade produtiva e localização estratégica.
“Nosso objetivo é concentrar operações que possuem mais habilitações e grande volume de produção, o que resulta em menor custo por quilo produzido e margens mais sólidas”, explicou.
“Hoje, 30% das nossas vendas de carne desossada já são de marcas reconhecidas no mercado de alto nível”, complementou.
Mendonça reafirmou que a Marfrig vai intensificar o foco em produtos processados e industrializados, por considerá-los uma operação mais sustentável.
“Continuaremos operando com commodities, mas com competitividade crescente e um foco cada vez maior em produtos de valor agregado”, afirmou.
Ele também ressaltou a sinergia com a BRF (BRFS3), que vem gerando resultados importantes em suas operações e marcas combinadas.
“Temos trabalhado muito próximos à administração da BRF. As duas empresas estão aproveitando oportunidades conjuntas”, comentou, destacando o potencial significativo para capturar sinergias adicionais, com benefícios claros para ambas.
O negócio, anunciado em agosto de 2023, envolve a venda de ativos à Minerva por R$ 7,5 bilhões.
A transação inclui 11 plantas de bovinos no Brasil, uma unidade industrial na Argentina, três no Uruguai, uma planta de cordeiros no Chile e um centro de distribuição no Brasil.
Mendonça explicou que, após o aval do Cade, a expectativa é de que o processo de transação seja concluído até o fim de outubro.
A exceção envolve a negociação das plantas no Uruguai, que ainda depende da aprovação das autoridades concorrenciais locais.
Não há uma data prevista para a conclusão. O valor estipulado para a negociação no Uruguai, de R$ 675 milhões, permanece suspenso.
Foram pagos R$ 1,5 bilhão no anúncio do negócio, e com a decisão favorável do Cade, a Marfrig deverá receber entre R$ 5,6 bilhões e R$ 5,7 bilhões, valor ajustado pelo CDI desde agosto de 2023 até a conclusão da transação.
Quanto ao uso dos recursos provenientes da venda, a companhia destacou o compromisso com a disciplina financeira e a redução da alavancagem, que fechou o segundo trimestre de 2023 em 3,38 vezes.
“Os recursos, da ordem de R$ 5,7 bilhões, serão utilizados principalmente para reduzir a alavancagem e, consequentemente, diminuir o custo financeiro”, destacou o diretor de relação com investidores da Marfrig, David Tang.
Quanto ao uso dos recursos provenientes da transação, a companhia disse que a empresa manterá o compromisso com a disciplina financeira e a redução de alavancagem, que fechou o segundo trimestre de 2023 em 3,38 vezes.
“Os recursos, na ordem de R$ 5,7 bilhões, serão utilizados principalmente para reduzir a alavancagem e, consequentemente, diminuir o custo financeiro”, afirmou o diretor de relação com investidores da Marfrig, David Tang.
Mendonça também comentou que o Cade aprovou a transação sem impor grandes restrições, o que facilita a continuidade dos projetos da empresa. A planta produtiva em Pirenópolis (GO), hoje da Marfrig, será vendida pela Minerva.
Além disso, o Cade declarou sem efeito a cláusula que previa um limite de expansão da capacidade da Marfrig em abate e desossa na planta de Várzea Grande (MT). “Os remédios indicados pelo Cade foram leves e não alteram os planos da Marfrig”, concluiu Mendonça.
Marfrig e Minerva
A Minerva informou, por meio de Fato Relevante, esperar que a operação de aquisição de ativos da Marfrig seja concluída até o fim de outubro, após a aprovação do acordo na quarta-feira pelo Cade.
“Sendo confirmada a consumação das condições precedentes previstas no contrato, a companhia espera que o fechamento da Operação – América do Sul ocorra até o final do mês de outubro de 2024”, disse, no Fato Relevante, o diretor de finanças e relações com investidores da Minerva, Edison Ticle.
Ao aprovar o negócio, o Cade impôs alguns “remédios”. A Minerva será obrigada a vender a planta localizada em Pirenópolis (GO), atualmente inativa. No fato relevante, a companhia assegurou que não havia planos de retomada das atividades na unidade.
“A companhia informa que a planta de Pirenópolis, a qual foi aplicada remédio pelo Cade, encontra-se fechada desde 2010 e que, conforme material apresentado quando da aquisição, nunca existiram planos de reabertura da planta”, explicou a Minerva.
Com Estadão Conteúdo