Após cerca de três anos, a Marfrig (MRFG3) voltou a exportar carne bovina in natura do Brasil aos Estados Unidos. A razão pela forte demanda norte-americana é o fechamento de frigoríficos do país devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A declaração foi realizada pelo CEO da companhia, Miguel Gularte, à agência de notícias “Reuters”.
A exportação de carne in natura brasileira ao mercado dos Estados Unidos foi interrompido em 2017, por questões sanitárias, e somente reaberto em fevereiro deste ano. O presidente da Marfrig afirmou que os primeiros embarques devem ocorrer neste mês.
Sem especificar volumes em suas operações, Goulart disse que as compras dos EUA foram elevadas, primeiramente, nas unidades do Uruguai e da Argentina. “Nos últimos 15 dias foi notado isso no Brasil”, relatou o executivo.
A empresa já havia tomado medidas para retomar as exportações de carne bovina in natura aos Estados Unidos após a reabertura no início deste ano, mas intensificação da procura estadunidense pela commodity, em função dos impactos causados pelo coronavírus, aceleraram esse processo. “É a combinação destes dois fatores”, disse Goulart.
A própria Marfrig já sofreu com o fechamento de uma fábrica em território norte-americano, localizada em Iowa. Ela, no entanto, voltou a funcionar na última semana.
Sua concorrente naquele país, a JBS USA, também sofreu com o fechamento de frigoríficos de bovinos. Outras companhias, ligadas à produção de suínos, como Tyson Foods (NYSE: TSN) e a própria JBS (JBSS3), tiveram suas unidades paralisadas.
O CEO da Marfrig, no entanto, frisou que a planta de Iowa, que esteve fechada desde março, é a menor entre as três unidades da empresa nos Estados Unidos. Isso fez com que as operações da empresa tivessem um impacto limitado.
CEO aponta vendas acima do esperado da Marfrig
O presidente da companhia salientou, em sua entrevista à “Reuters”, que durante os primeiros três meses deste ano, o Brasil cresceu 5% nas exportações de carne bovina, enquanto as plantas da Marfrig no País avançaram 24% nos embarques para o mercado externo. A demanda chinesa se destacou no período.
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Goulart disse que os países do Oriente Médio estão “comprando normalmente”. Entretanto, a União Europeia (UE) reduziu drasticamente suas exportações, uma vez que a carne importada dos países do bloco europeu são utilizadas, majoritariamente, em restaurantes, que em sua maioria estão fechados.
O executivo disse que, após a abertura da planta em Iowa, nenhuma paralisação está prevista, o que pode fortalecer as vendas da companhia. Pelo contrário, segundo ele, as operações da empresa na América do Norte estão em sinergia com as da América do Sul, favorecendo o comércio de carnes entre as duas regiões.
“Estamos vivendo uma sinergia operacional na prática, onde temos uma operação robusta como a da National, e isso é uma vantagem competitiva muito grande”, afirmou o executivo da Marfrig.