A aquisição de ações da BRF (BRFS3) pela Marfrig (MRFG3) reviveu a expectativa de anos atrás sobre uma possível fusão entre as companhias. Apesar de não insinuarem nenhuma combinação de negócios ao mercado, a XP Investimentos avalia que hoje não seria uma má ideia.
Em maio de 2019, a Marfrig e a BRF haviam declarado que estudavam uma possível fusão. No entanto, dois meses após o anúncio, os estudos foram cancelados. Na época, o principal entrave foi relativo às discussões sobre a estrutura societária. Agora, a XP avalia que desde o ano retrasado “muita coisa aconteceu” e hoje a combinação de negócios entre duas empresas é positivo.
“Desde 2019, entretanto, muita coisa aconteceu, com o evento da Febre Suína Africana piorando na China e criando uma das maiores oportunidades para empresas de proteína animal na história recente, especialmente aqueles focados em carne bovina e suína”.
Para a corretora, essa é uma possibilidade de diversificação entre as proteínas animas e entre geografias, “o que provavelmente diminuiria a percepção de risco da empresa resultante”.
Além disso, a XP classifica que existem “inúmero bons motivos para essa fusão acontecer”, principalmente por reunir diferentes cadeias produtivas em diferentes países, diminuindo o risco geral e provavelmente também a volatilidade dos resultados.
Mas os analistas alertam para a possível dificuldade na hora de fundir as gestões devido às culturas que diferem. “Por outro lado, vemos também duas culturas muito diferentes tentando se fundir, o que não é fácil de acontecer. A operação de commodities é mais nervosa, enquanto produtos processados precisam de uma estrutura melhor e de um prazo mais longo para amadurecer”, analisou a corretora.
Marfrig pagou R$ 3,2 bilhões para ter 24% da BRF
A operação que mexeu com o mercado na sexta-feira (21/5) movimentou cerca R$ 3,2 bilhões com a troca de mãos de ações da BRF de vendedores como a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, para a Marfrig.
A Marfrig informou na noite de ontem que adquiriu 24,23% de participação na BRF, em um movimento que está sendo interpretado no mercado como uma tentativa de fusão da companhia de proteína animal de Marcos Molina com sua concorrente.
O Estadão/Broadcast apurou que estiveram na ponta vendedora a Previ, que tem uma fatia de 9,16% da dona da Sadia, e a Kapitalo Investimentos, dona de 5%, além de outros acionistas. A operação foi feita por meio de leilão em Bolsa e teria movimentado US$ 600 milhões (cerca de R$ 3,2 bilhões), com recursos diretos do caixa que a companhia tinha disponível no trimestre.
Por enquanto, as empresas devem continuar suas atuações independentes, com a compra tendo sido apenas uma oportunidade para a Marfrig aumentar a sua participação.