A Marfrig (MRFG3), empresa que detém 50,06% das ações da BRF (BRFS3), apresentou um lucro líquido de R$ 12 milhões no quarto trimestre de 2023 (4T23), contrastando com o prejuízo líquido de R$ 628 milhões registrado no mesmo período em 2022 (4T22). Apesar dos resultados positivos do último trimestre, a Marfrig encerrou 2023 com um prejuízo líquido anual consolidado de R$ 1,52 bilhão, em comparação ao lucro de R$ 4,17 bilhões no ano anterior.
A explicação no balanço da Marfrig é de que o desempenho anual foi influenciado pela operação norte-americana da empresa, onde a oferta de gado é baixa e os custos estão em patamares recordes. “A demanda por carne tem sido boa, mas não foi o suficiente para compensar o preço do gado maior”, diz Tim Klein, CEO da Operação América do Norte.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda ajustado da Marfrig) atingiu R$ 2,94 bilhões no trimestre, um aumento de 32,1% em comparação ao ano anterior.
Esse números foram alcançados graças à contribuição da BRF, controlada pela Marfrig, para o Ebitda da empresa, que aumentou significativamente, representando 64% no 4T23 da Marfrig em comparação aos 44% do mesmo período de 2022. Entretanto, a receita líquida apresentou uma queda de 2,2%, totalizando R$ 36,56 bilhões.
“Em 2023, 40% das vendas de carne desossada foram com uma das nossas marcas, o que garantiu um maior valor agregado. No ano passado, a participação foi de 30% da receita da companhia”, destacou Rui Mendonça, CEO da operação da América do Sul.
A operação norte-americana teve um impacto significativo nos resultados globais da Marfrig, com o Ebitda recuando 44,7% no último trimestre. No entanto, a expectativa é de uma melhora gradual, com margens projetadas para um dígito baixo neste ano, conforme balanço do 4T23 da Marfrig.
“As margens nos Estados Unidos devem ser de um dígito baixo em 2024, o que é melhor do que o registrado no último ciclo de baixa disponibilidade de gado, entre 2014 e 2015, quando as margens ficaram próximas do break-even”, explicou Tim Klein.
Marfrig aponta menores custos na América do Sul
No último trimestre de 2023, o custo de produtos vendidos da Marfrig, incluindo operações descontinuadas, alcançou R$ 31,815 milhões, representando uma queda de 4,4% em comparação ao ano anterior. Nesse período, a operação na América do Norte registrou maiores custos de matéria-prima, compensados pelos menores custos das Operações América do Sul e BRF.
As despesas com vendas, gerais e administrativas (DVGA) no 4T23 da Marfrig totalizaram R$ 3,686 milhões. A relação entre as DVGA e a receita líquida (DVGA/ROL) foi de 10,1%, um aumento de 46 pontos base em comparação ao 4T22.
As despesas com vendas somaram R$ 3,082 milhões, equivalente a 8,4% da receita líquida consolidada, mantendo-se em linha com a relação registrada no mesmo período de 2022, que foi de 8,5%.
Por outro lado, as despesas gerais e administrativas da Marfrig atingiram R$ 603 milhões, representando 1,7% da receita líquida, um aumento de 50 pontos base em relação ao mesmo período de 2022, principalmente devido aos maiores gastos com mão de obra no segmento BRF, conforme a empresa.