Marfrig (MRFG3): controladores apostam no ESG em novos negócios
Se o ESG (padrões ambientais, sociais e de governança, em sua sigla em inglês) ainda deixa dúvidas se, de fato, será levado em consideração no mercado financeiro, os controladores da Marfrig (MRFG3) já colocam tais padrões dentro da cesta de análise antes de fazer um negócio.
A Agro Jacarezinho, de Marcos Molina, controlador do grupo Marfrig, adquiriu a Fazenda São Marcelo, a quarta maior fazenda de beneficiamento de sêmen de gado do Brasil nesta semana. A compra do local, que possui cerca de 35 mil hectares e fica entre os municípios de Tangará da Serra e Juruena (MT), com cerca de 40 mil cabeças de gado, foi facilitada graças a iniciativas de ESG.
“O ESG se tornou um fator central nessas questões. Particularmente no Brasil, que é produtor e exportador de carne, essa questão do ESG se torna uma coisa muito importante e que é avaliada pela comunidade internacional”, disse Alexandre Pierantoni, diretor-executivo da Duff & Phelps no Brasil.
A São Marcelo foi a primeira fazenda do mundo a obter a certificação da ONG Rainforest Alliance. Segundo a Duff & Phelps, que assessorou a venda, o ESG ajudou o ativo a ganhar atratividade. Os valores do negócio não foram divulgados.
“Eu acho que o maior valor que o ESG tem é a atratividade. Há um goodwill, mas isso faz parte de um conjunto maior de valores. Hoje isso é pesado em uma análise de aquisição. Não é que tenha um valor específico ao ESG, mas quando se olha os índices de ESG até na Bolsa, isso cria valor e cria atratividade”, disse o executivo.
Marfrig vem ampliando horizontes
A Marfrig vem aumentando a capilaridade dos negócios. No início deste mês, a companhia realizou um acordo não vinculante com a Associação Paraguaia dos Produtores e Exportadores de Carne (APPEC). O objetivo do acordo, por parte da Marfrig, é explorar possíveis oportunidades de investimento no país.
“A participação da Marfrig na nova sociedade será de 85%, com 15% do capital social pertencentes à APPEC. Os investimentos da Marfrig poderão atingir 100 milhões de dólares norte-americanos em até 24 meses”, informou a companhia em comunicado ao mercado.
A gigante do setor frigorífico também afirmou que deverá contribuir com seu “know-how” em matéria de tecnologia, produção, comercialização e logística.
Além disso, a empresa também viu o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovar a “joint venture” entre Marfrig Global Foods (MRFG3) e a norte-americana ADM, que atuará no mercado de proteínas vegetais. A parceria havia sido anunciada em maio deste ano, porém ainda não tinha recebido o aval da autarquia.
A Marfrig divulgou, no dia 12 de agosto, os resultados do segundo trimestre de 2020. A gigante da produção de proteínas animais registrou um lucro líquido de R$ 1,59 bilhão, crescimento de 1.743% em relação ao mesmo período do ano passado, quando apresentou R$ 87 milhões.
A receita líquida da Marfrig cresceu 54% no período, passando de R$ 12,24 bilhões, no segundo trimestre de 2019, para R$ 18,88 bilhões no mesmo intervalo deste ano. Por sua vez, o lucro bruto foi de R$ 4,56 bilhões de março até junho, o que representa um crescimento de 200% em relação ao mesmo período do ano passado, quando tinha sido de R$ 1,11 bilhões.