Segundo Mansueto Almeida, “não vai mudar nada no ajuste fiscal” após sua saída do Tesouro Nacional. A declaração do secretário foi dada nesta segunda-feira (15), após ter informado ao ministro da Economia, Paulo Guedes, no último domingo (14), que deixará o cargo nas próximas semanas.
“Sair foi uma decisão difícil. Eu já vinha pensando em deixar o governo. Estou no ministério há quatro anos e queria fazer isso da forma mais tranquila possível. Vou ficar aqui até o fim de julho, e não vai mudar nada no ajuste fiscal, que vai depender da direção do presidente, com seu Ministério da Economia e com o Congresso Nacional. Então não vai mudar nada no teto de gastos”, disse Mansueto Almeida à “Globo News”.
Quando surgiu a informação de que Mansueto deixaria o cargo, uma das causas pelo pedido de saída seria o aumento do gasto público no combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Além disso, a aproximação do governo com o Centrão, o que prejudicaria o ajuste fiscal — uma das pautas principais da pasta de Guedes –, teria desagradado o então secretário.
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Entretanto, Mansueto afirmou na entrevista que esses não foram os motivos de sua saída. “Minha decisão não passou por isso. Ajuste fiscal em qualquer lugar do mundo depende tanto do presidente quanto do Congresso Nacional. Se não quisermos cortar despesa, precisamos fazer um ajuste mais forte, com aumento da carga tributária, e ninguém quer isso”.
“A garantia de que o ajuste vai acontecer é basicamente a Constituição. Então, para o governo não cumprir o teto de gasto em 2021, teria que mudar a Constituição”, salientou Mansueto.
Dessa forma, segundo ele, “se o governo não fizer mudança alguma, está garantido o cumprimento do teto de gastos, essa âncora fiscal que nos levou ao juros tão baixo. O que precisa discutir nos próximos anos é como aprofundar o ajuste fiscal, que não vai terminar neste governo”.
Brasil vai sair deste ano com a uma dívida muito maior, diz Mansueto Almeida
O representante do Tesouro Nacional também assumiu que o Brasil tem aumentado sua dívida pública em 2020, mas mostra-se otimista no controle das contas governamentais.
“De fato, o Brasil vai sair deste ano com a uma dívida muito maior, de cerca de 94% do Produto Interno Bruto (PIB). Como resolver isso? Primeiro, fazendo as reformas necessárias, a administrativa, a tributária. Com a economia melhorando, o PIB vai aumentar, e a proporção com a divida vai melhorar”, disse o secretário.
Confira: Mansueto Almeida deixa cargo de secretário do Tesouro Nacional
“E dá para conciliar com uma melhoraria em gasto social, como expandir o Bolsa Família, que é um programa muito bom e muito barato. Então, tem espaço, sim, para aumentar o gasto social e aprofundar o ajuste”, salientou.
Quando questionado sobre o próximo secretário, Mansueto Almeida disse que espera alguém que converse com o Congresso Nacional. Dessa forma, seria possível aprovar as reformas necessárias e manter o ajuste fiscal.