Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3): Dá para piorar em 2022?

Se 2020 foi o ano das varejistas do e-commerce, Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) não podem dizer o mesmo de 2021. Para o ano que vem, o cenário também promete ser difícil. O ponto positivo, no entanto, é que as ações já caíram tanto que existe chance de se recuperarem – principalmente para o Magalu.

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Em 2021, as empresas varejistas viram seus papéis desabarem na bolsa de valores com elevado nível de inflação, juros em alta e desemprego. Todos estes fatores impactam o poder de compra dos consumidores.

E 2022 promete ser ainda mais desafiador em ano de eleições e com as medidas mais duras do Banco Central para conter a inflação. Será que vale a pena investir nessas companhias?

Compras de bens duráveis devem demorar a ocorrer

As ações do Magazine Luiza e da Via já desabaram perto de 76% e 66% em 2021, respectivamente.

Seus pares não ficam muito atrás. Americanas perdeu mais de 60%; Lojas Renner (LREN3) caiu 25%.

No ano passado, durante a pandemia, o brasileiro aproveitou que estava mais tempo em casa e decidiu comprar computadores, trocar de geladeira e outros eletrodomésticos.

Acontece que esses itens não são trocados facilmente. Espera-se que a troca aconteça novamente só daqui a alguns anos.

Ações do Magazine Luiza. Foto: Status Invest
Ações do Magazine Luiza. Foto: Status Invest

Cenário econômico pesa sobre as ações das varejistas

Mas além desse cenário, no ano de 2021 houve a escalada da inflação, ou seja, aumento no valor dos produtos, e também da taxa básica de juros, o que influencia no crédito.

Para conter a inflação, o Banco Central prevê a taxa básica de juros, a Selic, em 11,50%.

“Para 2022, a gente tem uma expectativa de um cenário ainda mais desafiador. Observamos uma trajetória de alta para a inflação e os juros, o que torna mais caro o crédito para o consumidor e esse consumidor já está endividado, então é um cenário preocupante, principalmente para o setor de duráveis“, disse o gerente de Research da Ativa Investimentos, Pedro Serra.

Os dados mais recentes mostram que cada vez mais as famílias brasileiras estão endividadas.

Segundo a pesquisa da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC), cerca de 12 milhões de famílias estão endividadas.

Trata-se do maior nível de endividamento já registrado pela confederação, que analisa os dados há 11 anos.

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Incertezas globais agravam as perspectivas

Heloise Sanchez, da equipe de Análise da Terra Investimentos, acrescenta ainda que há um novo ponto que não preocupa apenas o Magazine Luiza e outras varejistas, mas que também coloca em alerta a economia global: a nova variante do coronavírus.”

Somado a todo esse cenário, ainda temos as incertezas quanto a variante do Ômicron, que segue causando preocupações ao redor do mundo, principalmente nos países da parte norte do globo, com a chegada do inverno, época do ano de maior propagação do vírus.”

As dúvidas sobre a nova cepa derrubou os mercados internacionais, penalizando as ações das empresas listadas nas bolsas de diversos países.

As varejistas de bens duráveis, que já não configuram uma boa trajetória no Ibovespa, podem ser ainda mais impactadas.

Além disso, está previsto mais volatilidade no mercado, mas dessa vez no cenário doméstico, com a aproximação das eleições presidenciais.

“As eleições podem influenciar mais na volatilidade das ações. É nesse sentido, mais na volatilidade dos ativos do que no resultado das companhias”, completou Sanchez.

Vale a pena investir em Via e Magazine Luiza?

Apesar de todo contexto, o sócio-fundador da Fatorial Investimentos, Jansen Costa, enxerga uma oportunidade.

Costa acredita que as ações das companhias já caíram muito e deve começar a ocorrer uma tendência positiva nas ações das varejistas.

“Dificilmente a gente vai ver os papéis com uma nova queda acentuada, a não ser que quebrem. Então não me assustaria ver essas ações subindo em altos percentuais referente ao preço que temos hoje, dobrando os de tamanho e assim trazendo valor para aqueles que são investidores do papel.”

Futuro é mais preocupante para a Via que para Magazine Luiza

O cenário macroeconômico deste ano e, como se configura para o próximo, também não afeta as esperanças do BTG Pactual (BPAC11), que acredita ainda no Magazine Luiza e na Americanas.

Já para a Via a situação está mais difícil. Enquanto as ações AMER3 e as ações MGLU3 recebem recomendação de compra, com preço-alvo a R$ 45,00 e R$ 16,00, respectivamente, as ações VIIA3 receberam recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 8,00.

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Segundo os analistas da instituição, o Magalu ainda tem alta penetração do negócio no varejo físico e potencial de consolidação no e-commerce nos próximos anos: “O que significa que o MGLU3 deve superar o mercado”.

Já a Americanas ainda tem valor para destravar após a combinação de negócios entre B2W e Lojas Americanas. E não só isso: a reorganização societária também promete boas sinergias.

Mas a antiga Via Varejo (VVAR3) tem um cenário desafiador no curto prazo e suas provisões trabalhistas são barreiras para o crescimento da dona das Casas Bahia e Ponto.

Com isso, o banco diminuiu a recomendação da Via de compra para neutro e rebaixou o preço-alvo de R$ 21 para R$ 8.

Já a Terra Investimentos tem recomendação de compra para o Magazine Luiza, com preço-alvo de R$ 17,00 e compra da Via a R$ 13,00. Por sua vez, a Ativa Investimentos indica compra do MGLU3 pelo valor de R$ 12,20 e recomendação da VIIA3 é neutra, com preço-alvo de R$ 8,20.

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Poliana Santos

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