Em mais um dia negativo, o Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) têm volatilidade na Bolsa, acompanhando a desaceleração das vendas no varejo brasileiro. As empresas abriram o pregão em forte queda, mas conseguiram se recuperar em partes.
Os investidores de Magazine Luiza e Via olham com cautela os números da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As vendas no varejo caíram 3,1% em agosto, na comparação com o mês anterior.
De acordo com especialistas, os consecutivos aumentos nos preços de alimentos, energia elétrica e combustíveis têm deixado o orçamento familiar mais curto. No acumulado de 2021, porém, a alta é de 5,1%.
Seis das oito atividades pesquisadas tiveram taxa negativas no mês em questão. Artigos de uso pessoal e doméstico, representados por lojas de departamento, por exemplo, tombaram 16%, sendo o destaque negativo.
As únicas duas categorias que apresentaram desempenho positivo no volume de vendas foram tecidos, vestuário e calçados (1,1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfurmaria e cosméticos (0,2%).
“A queda foi espraiada por diversos setores, sejam associados à renda ou ao crédito, o que dificulta a atribuição do péssimo resultado a um único fator”, diz o economista Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
O economista, todavia, ressalta que a dinâmica apresentada pode ser transitória — o que não impede a possível deterioração das expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
Magazine Luiza, Via e varejistas sofrem com aversão a risco global
Embora o desempenho da economia local tenha impacto direto sobre as contas das empresas, as varejistas na Bolsa de Valores acompanham o viés negativo dos mercados globais.
As vendas no varejo na China, por exemplo, passaram por forte desaceleração em agosto. A alta foi de 2,5% ante o mesmo período do ano passado, mas a expectativa de analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal era de um avanço de 6,5%.
Ademais, as empresas ligadas à tecnologia e crescimento também sofrem nas últimas semanas em função do tapering nos Estados Unidos, processo de retirada gradual dos estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed), e também pela expectativa de alta da taxa de juros em todo o mundo.
O primeiro fato diz respeito à menor liquidez nos mercados e redução da compra de papéis corporativos pelo BC norte-americano. Já o segundo mexe com as projeções de crescimento das empresas, uma vez que maiores taxas de juros elevam o custo de capital das companhias.
Como as empresas de crescimento têm a maior parte de seu valor no futuro, com a ideia de avanço no faturamento e no lucro, os múltiplos são reajustados para baixo em momentos de Treasuries de 10 anos nos Estados Unidos em alta e aversão a risco.
Magalu, Via e concorrentes como Americanas (AMER3) contemplam essa categoria de empresas, uma vez que as varejistas no Brasil se misturam com empresas de serviços financeiros e aprofundamento do e-commerce por meio do intensivo investimento em tecnologia.
Por volta das 11h30, as ações do Magazine Luiza recuavam 1,32%, para R$ 13,50, enquanto os papéis da Via tinham queda de 2,80%, chegando a R$ 7,63. O Ibovespa volta a cair e aprofunda as perdas no acumulado do ano.