Magazine Luiza (MGLU3): S&P rebaixa nota de crédito da varejista
O Magazine Luiza (MGLU3) teve sua nota de crédito nacional reduzida pela S&P Global Ratings de brAA+” para “brAA-”. Segundo a agência de risco, o corte é motivado pela alavancagem acima das expectativas da companhia. Hoje, as ações da empresa despencam no Ibovespa.
De acordo com analistas da S&P Global, a desalavancagem da Magazine Luiza deve durar mais que o esperado por causa do momento turbulento que vive o setor do varejo e as pressões tributárias nas margens da companhia.
A expectativa da agência é de que a alavancagem do Magazine Luiza fique em torno de 6,5 vezes a dívida líquida ajustada sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) neste ano, caindo para 4,5 vezes somente no fim de 2024.
O Magalu tem R$ 2,8 bilhões em vencimentos nos próximos 12 meses e caixa de R$ 2,5 bilhões, mas isso não é um ponto de alerta para a S&P. Analistas citam o “bom acesso ao mercado de capitais e os R$ 5,7 bilhões em recebíveis em contrapartida”.
Por fim, a agência aponta que o Magazine Luiza “está se recuperando, apresentando crescimentos nas vendas, mas os efeitos ainda são lentos”.
Magazine Luiza: prejuízo aumentou 77% no 2T23
O Magazine Luíza (MGLU3) reportou um prejuízo líquido ajustado de R$ 198,8 milhões no segundo trimestre de 2023, valor 77,3% maior do que o prejuízo anotado um ano atrás. A companhia cita maiores despesas financeiras com os juros altos e diz que cada ponto percentual da taxa Selic representa uma economia anual de R$ 150 milhões.
No documento sobre o 2T23 do Magalu, a empresa destacou, no entanto, um crescimento nas vendas em todos os canais, incluindo lojas físicas, e-commerce com estoque próprio e marketplace. Reflexo do aumento de 7,0% no e-commerce total (crescimento médio anual de 45,7% em quatro anos), atingindo R$ 10,7 bilhões, e um crescimento de 2,7% nas lojas físicas (crescimento médio anual de 4,4% em quatro anos). Já no marketplace, as vendas atingiram R$ 4,2 bilhões no trimestre, com crescimento de 15,1%.
O CFO da companhia diz que, neste trimestre, a evolução do marketplace “compensou” efeitos negativos ligados à tributação e permitiu que a margem bruta da empresa evoluísse – no entanto, o repasse desses efeitos ainda não foi feito em sua totalidade, o que ajuda a explicar o Ebitda em queda, afirma Roberto Belissimo.
A volta do DIFAL (diferencial de alíquota do ICMS) fez com que as mercadorias vendidas passassem a ser tributadas tanto na origem quanto no destino e, assim, aumentou o imposto pago pelas empresas de e-commerce. Belissimo diz que a empresa conseguiu repassar em preço de 60% a 70% desse impacto no segundo trimestre. “Vamos continuar repassando e equilibrando o crescimento de vendas. Essa questão é uma tendência temporária, enquanto a evolução do nosso marketplace é uma tendência contínua”, afirmou ao Broadcast.
O crescimento das vendas do Magazine Luiza em conjunto com o aumento da margem de contribuição do marketplace contribuiu para o Ebitda em base ajustada, que atingiu R$ 439,8 milhões. A margem Ebitda ajustada caiu de 5,7% para 5,1% em função, principalmente, do aumento dos impostos.
A margem bruta do trimestre foi de 28,8%, alta de 0,2 ponto porcentual (p.p.) sobre o apresentado um ano antes.
“O resultado da margem Ebitda ajustada decorre, principalmente, do aumento dos impostos. No mesmo período, o resultado líquido ajustado foi negativo em R$ 198,8 milhões, ainda influenciado pela alta taxa de juros”, diz o release de resultados da varejista.
As provisões para perdas em crédito de liquidação duvidosa totalizaram R$ 105,1 milhões no segundo trimestre e R$ 204,0 milhões no 1º semestre. Esse valor representa um aumento de 78% nas provisões na comparação com o mesmo período de 2022.
Ao final de junho, o Magazine Luiza tinha 1.303 lojas em funcionamento, uma redução de 126 unidades, das 1.429 lojas que tinha aberta um ano atrás.
A receita líquida da Magazine Luiza aumentou 0,1% em um ano, totalizando R$ 8,572 bilhões no segundo tri. Já o volume total de vendas foi de R$ 14,727 bilhões, incluindo o marketplace, uma alta de 5,8% em um ano.
Magazine Luiza ‘prepara o terreno’ para recuperação, diz Santander
No mês de julho, os analistas do Santander aumentaram o otimismo com as ações da Magazine Luiza , apesar de manter a recomendação neutra para os papéis.
“O início favorável da Magazine Luiza em 2023 mostra o enfraquecimento da competição entre online e offline, preparando o terreno para um ano de recuperação, em nossa opinião”, diz a casa.
A projeção é de que o acumulado do ano de 2023 mostre um prejuízo líquido do Magazine Luiza maior do que o acumulado de 2022, de R$ 476 milhões ante R$ 372 milhões do ano anterior.
Além disso, a ausência de um valuation atrativo no momento deixa o Santander ‘de fora da tese’.
“Sob nossas estimativas atualizadas, vemos MGLU3 negociando com um valuation ‘exigente’, de preço sobre lucro estimado para 2025 de 21 vezes, mantendo nossa recomendação Neutra”, diz a casa.
O preço-alvo do Santander é de R$ 4,30 por ação da Magalu.
Cotação; ações despencam
Na tarde desta quinta-feira (31), as ações da Magazine Luiza despencam no Ibovespa, sendo cotadas a R$ 2,81, com queda de 3,77%.
Cotação MGLU3