A Magazine Luiza (MGLU3) consegue uma façanha diferente em meio a tempos tão polarizados como os atuais: consegue ser quase que uma unanimidade quando o assunto é o brilhantismo da gestão da varejista e o quão robustos são seus resultados, segundo gestores do mercado de capitais brasileiro.
O grande debate, no entanto, é em relação ao preço das ações do Magazine Luiza. Enquanto as demais varejistas estão negativas neste ano, em meio a dúvidas em relação ao auxílio emergencial, os papéis do Magalu tem uma leve queda, após acumularem alta expressiva no ano passado, de 104%.
Até o fechamento de quarta-feira (1), enquanto as ações da Magalu acumulavam leve queda de 1,20% no ano, os papéis de Via Varejo (VVAR3) com -26,59%, Lojas Americanas (LAME4), com -16,27%, e B2W (BTOW3), com -16,01%, viram seus preços acumularem quedas.
De acordo com a XP, esses resultados fizeram com que a Magazine Luiza se descolasse de seus pares. “O papel ainda está negociando a 2,8x EV/GMV 2021e vs. 0,8x para LAME4, 0,8x para BTOW3 e 0,4x para VVAR3”, informou a XP, em relatório.
Mas Magazine Luiza está cara?
Mesmo com a diferenciação do preço, o debate sobre se o Magazine Luiza está caro ou barato permanece. Para Henrique Esteter, analista da Guide, a varejista, neste preço, embute um constante crescimento -coisa que ela vem conseguindo entregar.
“O papel está esticado porque é a companhia que mais tem conseguido entregar resultados sólidos. Vimos mais uma vez mesmo com expectativas altas que ela sempre bate essas expectativas”, disse Esteter.
Já para Fernando Bresciani, analista da Mirae, a varejista não pode ser comparada com os demais players do setor.
“Ela continua barata. A gente não deve comparar com as demais. A Magalu não é só varejo, é um mix de fintechs no aplicativo. Seja financiamento, serviços de entrega, comida, aquela plataforma dela não para de crescer, ela investe em logística para entregar as encomendas e as concorrentes não, o que faz muita diferença”, afirmou.
A opinião contrária ficou com Marcel Zambello, analista da Necton. Segundo ele, apesar de a empresa ter entregado ótimos resultados, o mercado está pagando excessivamente por resultados positivos no futuro que, caso não ocorram, irão frustrar o papel.
“A Magalu, é uma companhia excelente, mas o mercado está pagando excessivamente lá na frente para um resultado que não sabemos se vai vir”, disse.
Crescimento digital é diferencial, mas há quem aposte em Via Varejo
Para quem acredita que as ações do Magazine Luiza vão continuar a se valorizarem, o motivo citado é o ganho de envergadura da empresa no varejo digital em meio a pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19).
“A Magalu tem 33 milhões de pessoas ativos na base do online dela. É muita coisa. Então eu acho que, enquanto ela tiver ganhando marketing share e avançando no serviço do app, ela continua interessante”, disse Fernando Bresciani, da Mirae.
Para o banco Safra, há forte deterioração da margem bruta que “somada aos investimentos em curso no nível de serviço, ofuscou os ganhos de alavancagem operacional”, disse o banco em nota. Questionado sobre como o crescimento do comércio online pode apertar as margens de lucro da empresa, Bresciani afirmou que isso abre outras portas para a companhia.
“Isso espreme margem, mas agrega coisas nos outros serviços que ela oferta. Tem que olhar penetração na base de clientes”, afirmou.
Para Marcel Zambello, analista da Necton, esse crescimento no online é acompanhado de perto pelas concorrentes que, valendo menos, tem mais margem para valorização dos papéis e ainda devem replicar o que dá certo na Magalu.
“Fizemos contas e insistimos que Via Varejo vale o dobro do que ela está negociando atualmente”, disse.
“O Magazine Luiza tem uma história de crescimento bem forte, mas achamos que nas plataformas online, a Via Varejo terá um upside maior porque qualquer plataforma mais robusta, é replicável. Se você comprar uma empresa que está na liderança há um risco porque quem precisa inventar a roda toa hora, talvez vai errar mais”, concluiu.
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