Dia de pesadelo: Magazine Luiza (MGLU3) derrete quase 23% no Ibovespa, no pior dia desde o IPO

As ações do Magazine Luiza (MGLU3) fecharam o Ibovespa desta terça (16) com a pior queda desde o IPO da empresa, em 2011. O papel encerrou o dia com baixa de 22,83%, aos R$ 3,38. De acordo com o Broadcast, com essa queda, a empresa já perdeu mais de R$ 5 bilhões em valor de mercado. Esse movimento ocorre após a empresa divulgar os números do primeiro trimestre de 2023 (1T23), interpretados pelos especialistas como “assustadores”.

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Os analistas da Genial Investimentos Iago Souza, Vinicius Esteves e Nina Mirazon resumiram o balanço do Magazine Luiza no 1T23 como “assustador”.

“Os números do 1º trimestre de 2023 do Magazine Luiza se consolidaram bem abaixo de nossas expectativas, com menor crescimento de receita e maior pressão na margem Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) a/a – impactado pelo carrego negativo do DIFAL ICMS em margem bruta e menor diluição de despesas operacionais“, destacaram os especialistas.

Nos primeiros meses deste ano, a operação do Magalu registrou um prejuízo de R$ 391 milhões — o Consenso Bloomberg projetava um prejuízo de R$ 62 milhões, enquanto casas como BTG, Itaú BBA e Genial Investimentos previam números negativos entre R$ 176 milhões a R$ 190 milhões.

Veja os principais números do balanço do Magazine Luiza no 1T23:

  • Receita líquida: R$ 9.067,3 bilhões, alta de 3,5% ante 1T22;
  • Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado: R$ 448 milhões, alta de 3,2% ante 1T22;
  • Resultado líquido ajustado: prejuízo de R$ 309,4 milhões (no 1T22, o prejuízo foi de 98,8 milhões).

Sem os ajustes, o prejuízo líquido chega na casa dos R$ 391,2 milhões

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Magazine Luiza no 1T23: O que aconteceu?

De acordo com o Broadcast, essa movimentação de queda nas ações do Magazine Luiza fez com que o valor de mercado da empresa caísse R$ 5,6 bilhões, chegando na casa dos R$ 23,8 bilhões.

Um dos motivos para o prejuízo do Magazine Luiza no 1T23 foi a volta do DIFAL — quando uma mercadoria é tributada tanto na origem como no destino. “Em relação à lucratividade, a margem bruta foi o ponto negativo, com uma queda de 40bps em relação ao ano anterior devido à reintrodução do DIFAL, que foi parcialmente compensada por aumentos de preços durante o trimestre, além de receitas de serviços com aumento de 34% em relação ao ano anterior devido a taxas mais altas”, escreveram os analistas da XP Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt.

O time do Itaú BBA, capitaneado por Thiago Macruz, já projetava essa reação negativa nas ações do Magazine Luiza após os números do 1T23. “O resultado final ficou abaixo de nossa estimativa conservadora devido a um resultado financeiro mais pesado, com maiores descontos de recebíveis”, reforçaram os especialistas.

Enquanto casas como Genial, BBA e Santander trabalham com recomendações equivalentes à neutra nas ações MGLU3, o BB-BI recomenda a compra do papel.

Georgia Jorge, analista do BB-BI, explica que os números do 1T23 do Magazine Luiza ainda não foram adicionados nas suas projeções, mas que a recomendação de compra ocorre porque “a companhia está sendo negociada a múltiplo EV/Vendas com ~34% de desconto em relação à média de 5 anos, o que equivale a um preço-alvo relativo implícito de R$ 6,20”.

A XP complementa: “Interessante observar que: i) O Magazine Luiza anunciou oficialmente mudanças na diretoria, com Carlos Mauad assumindo a fintech, Júlio Trajano assumindo a KaBum e Graciela Kumruian assumindo a Netshoes; ii) O Magalu forneceu mais detalhes sobre suas metas estratégicas, incluindo a recuperação da rentabilidade histórica do 1P, a expansão do fulfillment para outras regiões em 2023 e a otimização do número de softwares diferentes usados pelo ecossistema da empresa; iii) As taxas de inadimplência do LuizaCred pioraram tanto em relação ao trimestre anterior quanto em relação ao ano anterior, com a inadimplência over 90 aumentando 4 p.p em relação ao ano anterior e 0,4 p.p em relação ao trimestre.”

Venda de lojas e pontos físicos

A companhia fechou 175 pontos físicos nos últimos 12 meses, sendo nove lojas, um centro de distribuição e, o restante, quiosques. No trimestre, foram 37 fechamentos de quiosques, mas nenhuma loja foi fechada. Os custos de fechamento do CD, por sua vez, se concentraram nesse primeiro trimestre do ano. Segundo a empresa, esse último fechamento já estava planejado, pois era muito próximo à unidade de Gravataí (RS).

A variação na área total de vendas caiu menos de 1% na comparação com o mesmo período do ano passado, explica o CFO da companhia, Roberto Belissimo. “Foram quiosques com baixa produtividade e performance. São quiosques, em sua maioria, de um parceiro, que era a Lojas Marisa”, disse.

Para ele, o prejuízo, que veio maior do que a previsão de casas como a XP, o Itaú BBA e o Santander, se deveu à linha de despesas financeiras e é “sazonal”, já que nos primeiros meses do ano, a companhia antecipa mais recebíveis para ter acesso aos montantes vendidos no fim do ano. Além disso, a empresa escolheu escolhido pagar grande parte dos seus fornecedores nesse trimestre, afirma a gestão da companhia.

“Para amenizar as despesas financeiras, temos aumentado a participação do PIX (40% das vendas digitais); acabamos de anunciar uma renovação do acordo com a Cardif e vamos receber R$ 1 bilhão; e a tendência do CDI de agora para frente é de queda. Diferente do ano passado em que o CDI foi subindo o ano todo, agora o CDI está alto, mas a curva futura aponta para baixo”, afirmou Belissimo.

Cotação MGLU3

Gráfico gerado em: 16/05/2023
1 Dia

Com informações do Estadão Conteúdo

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Erick Matheus Nery

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