Magazine Luiza (MGLU3) enfrenta desafios no e-commerce; BTG aponta preferidas do varejo
Apesar da melhoria em suas operações de lojas físicas e da lucratividade destaque no trimestre, o Magazine Luiza (MGLU3) registrou um resultado aquém das expectativas no e-commerce, o que gerou reações cautelosas no mercado.

A avaliação consta em relatório sobre o desempenho do varejo no Brasil divulgado nesta semana pelo BTG Pactual. A área de research do banco avaliou que o setor entregou resultados mistos no quarto trimestre de 2024, refletindo as dificuldades enfrentadas pelas empresas no comércio eletrônico. Para o banco, o crescimento on-line de algumas varejistas ficou abaixo do previsto.
No caso de MGLU3, o GMV (Gross Merchandise Volume, em inglês) total da companhia cresceu 2,6% na base anual, chegando a R$18,4 bilhões, inferior às projeções.
O cenário competitivo no mercado de e-commerce segue desafiador, com players como Mercado Livre (MELI34) mostrando desempenho superior às concorrentes. A empresa argentina registrou um aumento de 32% no GMV no Brasil, com forte alavancagem operacional e eficiência logística, impulsionando o lucro líquido, que superou as estimativas em 46%.
Expectativas para o setor: impactos da Selic elevada
Para o BTG Pactual, o atual cenário macroeconômico continua sendo um fator negativo para o varejo brasileiro. A perspectiva de juros elevados e uma possível desaceleração do consumo no segundo semestre deste ano podem afetar o crescimento das receitas das empresas e os planos de desalavancagem.
“Existe a preocupação de que as restrições de crédito nos próximos meses possam afetar o consumo, e o cenário de taxas mais altas de juros representa um risco para o ritmo da desalavancagem financeira, levando as empresas a ajustarem suas estruturas de capital e adotar abordagens mais conservadoras”, afirmam os analistas.
Vale lembrar que, na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu subir a Selic em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano – a quinta alta consecutiva dos juros, que estão no maior patamar desde 2016. Os diretores do Banco Central também indicaram, após a reunião, que a taxa deverá aumentar pelo menos mais uma vez, em menor magnitude.
MGLU3, MELI34… Qual a melhor varejista para investir?
Em meio a esse cenário, o BTG Pactual destaca a importância de ser cauteloso na exposição ao setor e que “ações com baixa alavancagem financeira e bom momento operacional tendem a ter um desempenho superior”.
No segmento de varejo alimentar, por exemplo, Assaí (ASAI3) e Grupo Mateus (GMAT3) apresentaram resultados positivos, com crescimento de receita e expansão de margem EBITDA, contrastando com o Carrefour (CRFB3), que enfrenta desafios operacionais. Já no ramo da moda, C&A (CEAB3) e Vivara (VIVA3) se destacaram positivamente, enquanto Renner (LREN3) e Azzas (AZZA3) ficaram abaixo das expectativas.
Em suma, a análise do BTG reforça uma postura conservadora para o mercado varejista. Para o banco, as ações preferidas são Mercado Livre (MELI34), Grupo Mateus (GMAT3), C&A (CEAB3) e SmartFit (SMFT3), que apresentam um melhor momento e menos espaço para revisões negativas de lucros.
“Nossa visão é que, embora os múltiplos de valuation definitivamente chamem a atenção dos investidores, juntamente com o fato de que, para algumas teses, as revisões negativas de lucro parecem muito mais limitadas agora, a tese macro ainda prevalece, impedindo assim uma maior exposição ao setor”, destacam os analistas.