Magazine Luiza (MGLU3) aprova crédito para 10 milhões de clientes
O Magazine Luiza (MGLU3) anunciou que vai oferecer crédito pré-aprovado para mais de 10 milhões de clientes do seu varejo.
A campanha do Magazine Luiza em como alvo clientes que se adequam aos critérios de concessão de crédito estabelecidos pela própria companhia e pela financeira do grupo, a LuizaCred, uma parceria com o Itaú (ITUB4).
Os papéis MGLU3 chegaram a subir 4% no intradia com a notícia, porém fecharam o pregão em baixa de 0,36%.
Em razão disso, cerca de 5 milhões de clientes com esse perfil já receberam material de comunicação dirigida, que inclui um vídeo protagonizado por Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magalu.
O vídeo, porém, ganhou as redes sociais nesta segunda-feira mesmo sem uma postagem oficial do Magazine Luiza, e veio acompanhado de críticas sobre um suposto desespero da empresária com as vendas em baixa.
Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), a estratégia é ousada, verdadeira e com “a cara do Magalu”. Ele lembra que a empresa tem buscado usar mais “a figura de Luiza Trajano, que é cheia de verdade e com baixíssima rejeição como ferramenta de vendas”.
Para ele, apesar das críticas duras que o vídeo tem recebido, o investidor do papel dificilmente vai olhar para o conteúdo e associá-lo a um desespero. “É um momento em que o varejo todo está precisando de estratégias criativas e isso está gerando repercussão”, afirma.
No vídeo, Luiza fala do crédito pré-aprovado para clientes e convida o público a ir às lojas.
“Vai ser no carnê. Lembra aquele ‘carnêzinho gostoso’? Em prestações que você pode pagar e a gente ainda vai dar um descontinho nos juros. A gente aguarda vocês. Vá o mais rápido possível a uma de nossas lojas, por favor”, diz a presidente do conselho da companhia no material enviado aos clientes e compartilhado nas redes sociais.
“Grande parte dos brasileiros depende de crédito para continuar a consumir”, diz Frederico Trajano, CEO do Magalu.
“Num momento como o atual, a tendência é que as empresas cortem suas linhas. Mas nós sabemos, por meio de nosso sistema de dados e análise, que há mais de 10 milhões de clientes na nossa base que têm todas as condições de honrar seus compromissos. Queremos que essas pessoas saibam que podem contar com o Magalu em todos os momentos, principalmente nos mais difíceis.”
A companhia não comentou as críticas de internautas à companhia, que envolvem ainda associações de Luiza com o pré-candidato à presidência da república pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a companhia, a campanha do Magalu privilegia os clientes das quase 1,5 mil lojas físicas da empresa, distribuídas por todo o Brasil.
‘Economicamente assustador’, disse sócio de escritório de investimentos sobre vídeo do Magazine Luiza
A maioria dos analistas ainda enxergou como negativa a iniciativa da empresária de implorar pela visita às lojas e até mesmo o crédito pré-aprovado, que pode vir a ser um impulso para a inadimplência.
“O que ficou claro é que ela está Implorando para que um cliente vá aumentar seu endividamento , independente da qualidade do crédito pois todos já tem crédito pré aprovado, inclusive para “comprar uma televisão maior para ver a Copa do Mundo”, disse Bruno Musa, economista e sócio do escritório de investimentos Acqua Vero, credenciado ao BTG Pactual (BPAC11).
“Economicamente esse vídeo é assustador”, conclui, em suas redes sociais.
O especialista destacou três pontos sobre o vídeo da dona do Magazine Luiza:
- “Ela fala que o crédito de qualquer pessoa que for a loja está pré aprovado – isso leva a crédito sem qualidade alguma e a um estimulo ao endividamento”
- “Ela pede que “vá o mais rápido possível em uma loja” deles e finaliza com um ‘Por favor'”
- “Ainda menciona um desconto maior, o que é ‘jogo de marketing'”
Alguns outros, contudo, enxergaram uma forma da empresária falar com o público-alvo do Magazine Luiza, que potencialmente faria compras parceladas de bens duráveis – segmento que está praticamente parado com a inflação na casa dos 11%.
Com informações do Estadão Conteúdo