Magazine Luiza (MGLU3) e Jovem Nerd selam a união de varejo e conteúdo
A compra do Jovem Nerd pelo Magazine Luiza (MGLU3)– [Baixe o relatório], anunciada nesta quarta-feira (14), demonstra que a união de varejistas e plataformas de conteúdo veio para ficar de vez no mercado.
De acordo com especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, o racional dessas aquisições passa pela transformação do mercado de marketing – muito mais digital atualmente – e a necessidade de as varejistas ampliarem seus domínios na batalha dos superapps.
Com a migração da audiência para canais digitais, como Youtube, Spotify e redes sociais, como o Instagram, as empresas correm para adquirir produtores de conteúdos que se destaquem em segmentos específicos.
“O setor de marketing não podia ficam presos ao modelo tradicional, buscando apenas as principais fontes de mídia. A Amazon já fez isso há um bom tempo, buscando influenciadores de cada setor para fazer esse tipo de trabalho”, disse Matheus Lima, analista de investimentos da Top Gain.
O movimento vem se intensificando no setor. Não à toa, o próprio Magazine Luiza acumula aquisições em série no segmento. Primeiro, em agosto do ano passado, a companhia anunciou a compra do Canaltech. Já em março deste ano, a varejista viu na Steal The Look o conteúdo que faltava para seu varejo de moda.
Enquanto isso, a Centauro comprou o Grupo NWB é detentor dos canais no YouTube Desimpedidos, Acelerados, Fatality e Falcão 12, e de 80 afiliados que juntos somam mais de 81 milhões de seguidores no Instagram e 73 milhões de inscritos, por exemplo.
“As grande0 varejistas vêm tentando construir um ecossistema que seja completo, ou seja, a partir do momento que o cliente entre na plataforma, a ideia é que ele seja atendido de todas as formas, em qualquer necessidade”, disse Bruno Komura, estrategista de renda variável da Ouro Preto Investimentos.
“Se ele vê um vídeo ou alguma recomendação nesses canais, há uma grande chance de ele comprar dentro da plataforma, fazendo a conversão do cliente”, disse o estrategista.
Komura chama a atenção ainda para a busca pela recorrência dos clientes dentro dos aplicativos.
“Quando você era focado em eletrodomésticos, não há uma grande recorrência do cliente na plataforma. Agora, com o cliente entrando mais, com algum vídeo que foi gerada nesses canais, pode ser que a empresa tenha a oportunidade de fazer uma venda, colocar uma propaganda, por exemplo”, disse.
Magazine Luiza quer trazer público ao superapp
Agora, com o canal Jovem Nerd, o Magazine Luiza busca se aproximar da audiência da plataforma e trazer seu público para dentro do superapp da varejista.
“O primeiro objetivo é fazer uma conexão entre os nossos sellers e um inventário e uma produção de conteúdo super qualificado do Jovem Nerd. O segundo ponto é trazer parte desse conteúdo para dentro do nosso app, o tornando mais relevante”, disse Eduardo Benjamim, diretor executivo comércio eletrônico do Magazine Luiza.
De acordo com o executivo, a estratégia final é alavancar vendas dentro da plataforma do Magalu, que deve, cada vez mais, ampliar o escopo para além de seu público tradicional.
“Com o conteúdo dentro do app, nosso super app fica mais atrativo e tem potencial para gerar mais vendas”, afirmou.
Para Filipe Ferreira, diretor financeiro da Comdinheiro, esse movimento de aquisição de produtores de conteúdo não deve ficar limitado apenas às varejistas.
“Esse ponto não deve se limitar ao varejo, mas a todo mundo que busca esse consumidor na pessoa física”, disse. “É um movimento muito natural. Ocupar esses lugares de conteúdo deve se intensificar, ganhando a competição não só dessas grandes varejistas, mas em outros negócios interessados nesse tipo de público”, afirmou.
Perto do fechamento, a ação da Magazine Luiza operava com perdas de 0,14% aos R$ 22,17. No intraday, o ativo flutuou entre a mínima de R$ 21,87 e a máxima de R$ 22,35, registrada na abertura.