As ações de Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) derretem nesta segunda-feira (30) no Ibovespa, liderando as perdas do índice, com o mercado repercutindo falas de autoridades do governo a respeito de questões fiscais, na expectativa para a decisão de juros no Brasil na próxima quarta-feira (1).
No fechamento, as ações ordinárias de Magazine Luiza recuaram 6,16%, cotadas a R$ 1,37, enquanto as ações ordinárias de Casas Bahia (BHIA3) fecharam em queda de 6,25%, a R$ 0,45. O Ibovespa caiu 0.68%, aos 112.531,52 pontos
Cotação MGLU3
“Com a fala do presidente Lula na sexta sobre o fiscal e hoje a falta de clareza do ministro Haddad em relação ao cumprimento ou não da meta e, principalmente, ao déficit claramente assinalado pelo presidente, vimos uma pressão compradora nos juros levando ainda mais incertezas sobre a tão sonhada queda da taxa Selic pelo setor de varejo“, observou Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos.
Esta semana o mercado vive a expectativa para a Super Quarta, quando serão anunciadas decisões de juros no Brasil e também nos Estados Unidos.
“Já temos quase como certo o corte de 0,50% pelo Banco Central aqui no Brasil. Mas o setor de varejo deve continuar sofrendo porque as empresas estão travadas pela alavancagem”, acrescentou Lemos.
Não há da parte de Lula ‘nenhum descompromisso com meta fiscal’, afirma Haddad
Após reunião com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, garantiu nesta segunda-feira (30), que não há, da parte do mandatário, “nenhum descompromisso com meta fiscal” para 2024.
Na sexta-feira, o chefe do Executivo disse que não via necessidade de o País ter um déficit zero no ano que vem.
“Não há da parte do presidente nenhum descompromisso, ao contrário. Se não estivesse preocupado, não teria pedido apoio da área econômica para orientação ao Congresso. Isso é algo que precisa ser feito pelos Três Poderes, todos precisam estar cientes”, afirmou Haddad, durante entrevista coletiva à imprensa.
Ao comentar sobre as questões fiscais que estão trazendo preocupação para o governo, o ministro disse que o presidente pediu para que Haddad se reúna com os líderes do Congresso para tratar do tema e expor os números encontrados pelo governo. Ele disse ainda que gostaria de estar presente nas próximas reuniões. “Vamos informar o Congresso do que está acontecendo em relação a esses dois temas centrais”, afirmou.
O ministro afirmou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) ficou responsável por indicar os membros da comissão para tratar do assunto. “Estamos levando ao conhecimento, situação herdada, que está tendo efeitos deletérios sobre o orçamento público e que precisam ser resolvidos. É isso que precisa ser discutido esta semana”, afirmou.
Haddad disse também que os recursos que vão ser pagos não entram na conta como precatório. “Não está visível e não conseguimos nos apropriar do que está acontecendo. Por isso queremos que a sociedade saiba desses números porque é algo que tem impacto no orçamento”, justificou.
O ministro reforçou a questão repetindo que os recursos poderiam entrar como precatórios – “poderiam entrar na conta do calote que foi dado” -, mas está fora.
Haddad enfatizou que a meta de déficit zero em 2024 está mantida. “A ‘minha meta’ está mantida para buscar equilíbrio fiscal de todas as formas justas e necessárias para que tenhamos um País melhor”, respondeu, antes de deixar o auditório da Pasta enquanto ainda era questionado pelos jornalistas.
Magazine Luiza (MGLU3) está apanhando na Bolsa por acreditar em loja física, diz Luiza Trajano
Durante evento realizado pela PwC na última terça-feira (24) e conforme publicado pelo jornal Estadão, a presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano, afirmou que a companhia está “apanhando muito na Bolsa” por “sempre ter acreditado em loja física”.
Apesar do cenário desafiador para o varejo brasileiro, Luiza Trajano se mostra otimista e acredita que a crise deve tornar o Magazine Luiza ainda mais sólido, diante do crescimento observado nos anos anteriores.
“O Magazine cresceu em crise e, quando a gente não cresce, a gente solidifica o crescimento. Crescemos muito nesses três, quatro anos, mais do que eu poderia até pensar, que a gente chegaria a faturar R$ 60 bilhões”, afirmou a executiva.
Para apoiar seu otimismo, ela chega a citar os desafios econômicos do Brasil na passagem do século 20 para o 21. “Entra crise, sai crise, e o importante é sobreviver. Aprendi muito mais em crises”.
Trajano destaca como um dos fatores negativos para o varejo brasileiro a grande dificuldade financeira vivida pela Americanas (AMER3). Por outro lado, a situação da varejista concorrente teria feito o Magazine Luiza aprimorar seu processo de auditoria interna.
As lojas físicas devem permanecer, diz executiva do Magazine Luiza
As ações do Magazine Luiza acumulam perdas de 94% em um período inferior a 3 anos, em meio ao aumento dos juros e o crescimento da concorrência no comércio online.
A presidente do Magazine Luiza acredita que as lojas físicas devem permanecer, mas em um modelo mais modernizado. Apesar disso, ela pondera que o e-commerce é uma realidade que não pode ser ignorada no Brasil.
“Em Belém, a gente vende na internet e entrega em duas horas na loja física. Quando você digitaliza, tem menos caixa, mas tem mais estoquista. Acredito que essa mistura e a multicanalidade vai perdurar no Brasil por muito tempo”, afirmou.
Trajano ainda destacou uma mudança importante que, na sua visão, tem ocorrido na dinâmica de preços em relação à concorrência com empresas focadas no e-commerce.
“Antigamente, a gente tinha que vender muito mais barato no site, porque o site dava prejuízo. Agora, acabou isso e não tem mais diferença”, completa a executiva do Magazine Luiza.
Com informações de Estadão Conteúdo