As ações de Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) disparam nesta quinta-feira (26) no Ibovespa, liderando os ganhos do índice.
Os papéis das varejistas, sendo mais sensíveis aos ciclos econômicos, sobem influenciadas pela divulgação do IPCA-15 hoje pelo IBGE, que desacelerou em outubro comparado à setembro.
Perto das 11h40, as ações ordinárias de Magazine Luiza (MGLU3) subiam 2,78%, cotadas a R$ 1,48, enquanto as ações ordinárias de Casas Bahia (BHIA3) avançavam 4,17%, a R$ 0,50. Neste sentido, outras empresas ligadas ao setor de consumo também subiam em bloco. Confira:
- Assaí (ASAI3): alta de 6,17%, a R$ 11,71;
- Pão de Açúcar (PCAR3): alta de 2,74%, a R$ 3,37;
- Carrefour Brasil (CRFB3): alta de 3,94%, a R$ 8,96;
- Arezzo (ARZZ3): alta de 2,50%, a R$ 60,60;
Cotação MGLU3
Considerado a prévia da inflação oficial, em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou uma variação de 0,21%, indicando uma diminuição de 0,14 ponto percentual em relação à taxa de setembro, que foi de 0,35%.
No acumulado, o IPCA-15 do ano apresenta um aumento de 3,96%, enquanto nos últimos 12 meses, a alta foi de 5,05%, superando os 5,00% registrados no período anterior de um ano. Comparado a outubro de 2022, quando a taxa, uma prévia da inflação fechada do mês, foi de 0,16%, houve um aumento.
Na visão de Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos, a divulgação do IPCA-15 em linha com uma certa desaceleração dos núcleos e serviços deve apoiar o Banco Central (BC) na manutenção do ritmo de corte da taxa Selic em 0,50%.
“Com isso, vimos os DIs aliviando e a primeiro setor a sentir foi o varejo, onde temos um forte impacto negativo do juros. Ainda é cedo para comemorar, até porque tivemos também a influência positiva de dados nos Estados Unidos como o PIB, que sustentaram uma alta dos mercados de equities e queda dos juros. Mas amanhã, teremos inflação ao consumidor (PCE) por lá e sim, estamos todos olhando para o maior mercado de juros do mundo e seus reflexos por aqui”, pontua.
Ainda de acordo com Lemos, para o setor de varejo, tal desaceleração de alguns núcleos mostram certa ‘fraqueza’ da economia e, por conseguinte, expectativa de menor receita por parte das empresas do segmento.
“A dose do remédio (queda da inflação) na dose errada pode não ser a solução que o setor precisa, se não houver algum incentivo para que tenhamos maior consumo”, acrescenta.
Magazine Luiza (MGLU3) está apanhando na Bolsa por acreditar em loja física, diz Luiza Trajano
Durante evento realizado pela PwC na última terça-feira (24) e conforme publicado pelo jornal Estadão, a presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano, afirmou que a companhia está “apanhando muito na Bolsa” por “sempre ter acreditado em loja física”.
Apesar do cenário desafiador para o varejo brasileiro, Luiza Trajano se mostra otimista e acredita que a crise deve tornar o Magazine Luiza ainda mais sólido, diante do crescimento observado nos anos anteriores.
“O Magazine cresceu em crise e, quando a gente não cresce, a gente solidifica o crescimento. Crescemos muito nesses três, quatro anos, mais do que eu poderia até pensar, que a gente chegaria a faturar R$ 60 bilhões”, afirmou a executiva.
Para apoiar seu otimismo, ela chega a citar os desafios econômicos do Brasil na passagem do século 20 para o 21. “Entra crise, sai crise, e o importante é sobreviver. Aprendi muito mais em crises”.
Trajano destaca como um dos fatores negativos para o varejo brasileiro a grande dificuldade financeira vivida pela Americanas (AMER3). Por outro lado, a situação da varejista concorrente teria feito o Magazine Luiza aprimorar seu processo de auditoria interna.
As lojas físicas devem permanecer, diz executiva do Magazine Luiza
As ações do Magazine Luiza acumulam perdas de 94% em um período inferior a 3 anos, em meio ao aumento dos juros e o crescimento da concorrência no comércio online.
A presidente do Magazine Luiza acredita que as lojas físicas devem permanecer, mas em um modelo mais modernizado. Apesar disso, ela pondera que o e-commerce é uma realidade que não pode ser ignorada no Brasil.
“Em Belém, a gente vende na internet e entrega em duas horas na loja física. Quando você digitaliza, tem menos caixa, mas tem mais estoquista. Acredito que essa mistura e a multicanalidade vai perdurar no Brasil por muito tempo”, afirmou.
Trajano ainda destacou uma mudança importante que, na sua visão, tem ocorrido na dinâmica de preços em relação à concorrência com empresas focadas no e-commerce.
“Antigamente, a gente tinha que vender muito mais barato no site, porque o site dava prejuízo. Agora, acabou isso e não tem mais diferença”, completa a executiva do Magazine Luiza.