Relatório divulgado esta semana pela XP mostra que a Black Friday, considerado um evento-chave para o setor de varejo, será de maior relevância para as empresas de e-commerce como Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3). Analistas lembram que eletrônicos e eletrodomésticos são historicamente favorecidos na data, o que também pode beneficiar ações do setor.
No entanto, lembra a casa, varejistas de moda como Lojas Renner (LREN3), Grupo Soma (SOMA3) e Arezzo (ARZZ3) e cosméticos, como Natura (NTCO3), têm ganhado mais espaço, movimento possivelmente explicado pelo poder de compra mais restrito dos consumidores para compra de eletrodomésticos.
De um modo geral, as perspectivas de consumo para a Black Friday 2023 são animadoras, de acordo com pesquisas feitas por empresas que criam soluções para o setor e divulgadas pela XP.
Recentemente, um levantamento feito pelo Méliuz (CASH3) indicou que 95% dos entrevistados estão dispostos a fazer compras na Black Friday, enquanto 32% deles pretendem gastar mais de R$ 1 mil. As categorias de destaque são as que dominam o evento tradicionalmente, como eletrônicos (49%) e eletrodomésticos (45%), além de vestuário (31%), calçados (28%) e cosméticos (22%).
Já a pesquisa feita pela MField não aponta uma perspectiva tão otimista quanto a da Méliuz, mas ainda indica um número alto de consumidores (76%) com intenção de fazer compras no evento. O desafio está no poder de compra dos entrevistados, com 42% dizendo que estão passando por um período difícil economicamente, mas com a pretensão de aproveitar as ofertas.
Em relação às categorias, esse levantamento indica a moda como o favorito (39%), seguido de eletrônicos (38%) e cosméticos (36%) enquanto os e-commerces favoritos destacados são Amazon (AMZO34), 73%, Shopee (49%), Shein (45%), Magazine Luiza (42%) e Mercado Livre (41%). Por fim, diferentemente da pesquisa da Meliuz, o ticket médio deve ficar abaixo de R$ 300 para cerca de metade dos entrevistados.
“Algo que chama atenção na pesquisa feita pela MField sobre Black Friday é a preferência dos consumidores por plataformas estrangeiras, com as asiáticas Shopee e Shein entre as top 3. Na nossa visão, isso é um risco para a performance das varejistas, principalmente em meio à implementação e adesão das plataformas à Remessa Conforme“, pontuou a XP.
Por fim, a pesquisa feita pelo Google e divulgada pela casa mostra que 67% dos brasileiros pretendem fazer compras na data, com 7 em cada 10 entrevistados com expectativa de gastar igual ou mais do que em 2022. Em relação às categorias, vestuário lidera o interesse (46%), seguido de cosméticos (41%), calçados (38%) e eletrodomésticos / celulares (35%).
O que isso significa para o varejo?
A Black Friday é uma das principais datas comemorativas do varejo, com a expectativa de movimentar mais de R$ 6 bilhões esse ano, de acordo com relatório da Olist. Dessa forma, o evento, combinado às festas de final de ano, é vital para definir o tom dos resultados do quarto trimestre das varejistas.
“Em nossa visão, as pesquisas dão sinalizações positivas para a performance do evento, com os consumidores demonstrando uma intenção de fazer compras este ano, além de contarmos com uma base de comparação fácil, dado que a Black Friday de 2022 aconteceu durante a Copa do Mundo, com seu final de semana coincidindo com dois jogos do Brasil – um na quinta antecedente e outro na segunda seguinte, a Cyber Monday”, diz a XP.
No entanto, a casa chama a atenção para o fato de que o consumo segue pressionado pelo alto endividamento das famílias, em 77% em setembro de 2023, de acordo com a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da CNC, combinado a taxa de juros e inflação ainda elevadas, o que deve ser um ponto de atenção para a Black Friday em empresas como Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3).