Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) amargam dia de perdas no Ibovespa. O que houve?

As ações de Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) caíram nesta segunda-feira (5) no Ibovespa, com o mercado ainda repercutindo o aumento de capital que será realizado pela varejista controlada pela família Trajano, anunciado na semana passada, além da questão financeira que ainda penaliza as duas empresas.

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No fechamento, as ações ordinárias de Magazine Luiza recuaram 1,02%, a R$ 1,95, enquanto as ações ordinárias de Casas Bahia (BHIA3) perderam 3,06%, a R$ 6,98, segundo o Status Invest.

Cotação MGLU3

Gráfico gerado em: 05/02/2024
1 Dia

“Em relação ao Magazine Luiza, o mercado ainda está reticente se o aumento de capital por meio de subscrição privada será o suficiente para salvar o caixa e as operações da empresa, que segue muito endividada e sofrendo com a concorrência. Já em relação à Casas Bahia, o mercado segue em acreditar no case. Empresa está muito endividada, com margens apertadas”, disse Leandro Petrokas, sócio da Quantzed.

No início da semana passada, o Magazine Luiza informou que fará um aumento de capital no valor de até R$ 1,25 bilhão, em uma operação que envolve a família Trajano – controladora da varejista – e o BTG Pactual (BPAC11).

Após o anúncio do aumento de capital do Magazine Luiza, diversas casas de análise emitiram suas opiniões sobre o assunto. A maioria delas enxerga o movimento como positivo. A operação, no entanto, não é livre de riscos, e o principal empecilho citado pelos especialistas é o cenário macroeconômico ainda incerto no Brasil.

Protagonismo do acionista controlador

De acordo com o comunicado do Magazine Luiza, a família Trajano – controladora da empresa – entrará com R$ 1 bilhão na operação, enquanto o BTG Pactual será responsável pelos R$ 250 milhões restantes.

O BTG se comprometeu a financiar integralmente a parcela a ser obtida pela holding da família Trajano, o que deve acontecer por meio de uma operação de troca de resultados de fluxos futuros.

Assim, a holding contratou com o BTG uma operação de crédito lastreada nas ações da empresa. Nela, o banco fornece recursos de um lado e compra as ações do Magalu de outro, em troca de receber uma remuneração igual ao CDI mais um percentual ao ano por um período de 30 meses. Caso nenhum acionista minoritário siga a operação, a holding da família aumentará a sua posição de 56% para 58% na empresa.

“Se os acionistas minoritários não subscreverem as parcelas – parte proporcional deles – o controlador se compromete a subscrever R$ 1 bilhão, o que vai representar um aumento da participação do controlador na companhia e uma diluição dos minoritários. Então temos uma expectativa positiva, já que mostra que o controlador está querendo comprar mais ações ao invés de deixar ser diluído nesse aumento de capital”, completa o analista CNPI Leonardo Piovesan.

O Goldman Sachs diz ver um “mérito estratégico” na transação, que deve garantir à empresa uma maior flexibilidade financeira. Além disso, a casa também destaca o fato de os acionistas controladores terem garantido a maior parte do aumento de capital.

“Destacamos também que a transação proposta poderá reduzir a preocupação dos investidores quanto à possibilidade de uma oferta subsequente pesar no preço das ações. Além disso, vemos mérito no fato dos acionistas controladores terem garantido grande parte do aumento de capital (até 80% da colocação), pois demonstra sua confiança na estratégia traçada”, avaliaram os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini.

O Goldman Sachs tem recomendação neutra para as ações do Magazine Luiza (MGLU3), com preço-alvo de R$ 2,40.

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Melhora na estrutura de capital

Um possível avanço na estrutura de capital do Magazine Luiza após o aumento de capital é um dos pontos mais citados pelos analistas, a exemplo de Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

“É fato que o aumento de capital dá um certo fôlego para a empresa não consumir caixa e conseguir, nesse ciclo de queda de CDI, girar a dívida de curto prazo com essa entrada de recursos”, afirma.

Nessa linha, o JP Morgan acredita que o movimento pode aumentar em 37% o lucro por ação do Magalu em 2024 e em aproximadamente 4% ao longo de 2025. A melhora na estrutura de capital, segundo a casa, deve ser traduzida sobretudo na alavancagem, que deve cair de 6,3x para 5,7x.

O banco destaca que esse é um nível ainda alto de alavancagem do Magazine Luiza, mas a aceleração de investimentos prometida pela varejista tende a impactar positivamente alguns importantes pilares da geração de valor, como marketplace, anúncios e armazenamento em nuvem. A recomendação é neutra.

Citi afirma que o aumento de capital é positivo e vê o Magazine Luiza em uma situação de “sólida liquidez”. Segundo a casa, o movimento deve ser visto como um “combustível extra” e não como “uma urgência”. O Citi reitera recomendação de compra para os papéis da Magalu, com preço-alvo de R$ 3,40. A casa, no entanto, classifica o investimento como de alto risco.

Já na visão do Bradesco BBI, a operação pode levar o Magazine Luiza a reverter as perdas e apresentar lucro líquido em 2024, considerando uma tendência de expansão de margem.

“A onerosa estrutura de capital do Magazine Luiza – e, portanto, as despesas financeiras – tem sido um dos principais entraves aos resultados financeiros e ao fluxo de caixa nos últimos anos. No início de 2024, este aumento de capital surge num momento favorável, já que as taxas de juros diminuíram e a originação de crédito deve melhorar e, portanto, o consumo discricionário estará sujeito a se beneficiar destas condições”, aponta.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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