Para o megainvestidor Luiz Barsi, o Magazine Luiza (MGLU3) irá enfrentar uma recuperação judicial e deve ir à falência. O prognóstico, contudo, não firma uma data, e o investidor cita somente os riscos atrelados ao segmento do varejo.
“Pelo menos 40 empresas de varejo quebraram e as próximas quebrarão. O Magazine Luiza vai quebrar um dia. Não sei quando, mas vai……. eu não sou profeta, estou falando em termos de histórico. A Máquina de Vendas e Via também estão penduradas”, disse Barsi em entrevista ao podcast Irmãos Dias.
A fala de Luiz Barsi foi feita em um trecho do programa em que os apresentadores o questionavam sobre o momento de vender uma determinada ação – assunto recorrente quando o tema são os papéis MGLU3, dado que os papéis caem 86% no acumulado dos últimos 12 meses.
A tese do bilionário maior investidor pessoa física da bolsa é que, por conta da fragilidade da companhia ao ciclo econômico e o cenário de juros e inflação, eventualmente a mesma deve ir à falência.
Esse contexto, aliás, tem sido apontado pelos analistas como um dos principais motivos para cortes no preço-alvo dos papéis e deteriorações nas perspectivas de curto e longo prazo do Magazine Luiza.
Além disso, em ocasiões anteriores Barsi também já havia feito afirmações que apontavam na direção de uma fragilidade das ações do Magazine Luiza.
Em vídeo para o AGF (Ações Garantem o Futuro) – plataforma de investimentos que leva a filosofia de Barsi adiante -, o investidor comparou as ações da varejista com uma “vela de 30 anos”.
“Para ele, recuperar esse investimento vai ser muito difícil. Falo isso não por causa do Magalu especificamente, mas muito em função do setor. O segmento de comércio e varejo, eletroeletrônicos e linha branca tem um histórico que te deixa com muito medo”, disse, ao lado de Fabio Baroni e Felipe Ruiz, sócios do AGF.
XP mantém visão negativa e reduz preço-alvo do Magazine Luiza
Em parecer recente, a XP Investimentos manteve em relatório deste mês sua visão para o varejo inalterada, seguindo com uma recomendação neutra para empresas como Magazine Luiza e Via (VIIA3).
A corretora mantém sua perspectiva de cautela para ações de varejistas mesmo que, nesse novo parecer, tenha revisado todos os modelos da cobertura e incorporando resultados recentes. A única exceção foi a Raia Drogasil (RADL3), rebaixada para neutra.
A XP cita “uma perspectiva macro mais atualizada, adotando uma postura mais conservadora para 2023 e um custo de capital mais elevado”.
Nesse aspecto, os preços-alvo de todos as empresas foram cortadas, especialmente em função do custo de capital mais elevado, fenômeno que é desencadeado pela alta na Selic (e também das projeções de um ciclo altista de juros ainda mais duradouro).
“Destacamos também onde estamos versus o consenso de mercado, sendo mais cautelosos com Natura (NTCO3) e nomes de e-commerce para 2022, e mais otimistas para 2023, mesmo após nossos cortes de estimativas”, diz a XP.
No seu parecer sobre o setor de e-commerce, especificamente, a corretora destaca que “apesar da forte queda do setor, ainda não recomendamos compra dos papéis de e-commerce por esperarmos uma dinâmica macro bastante desafiadora pela frente”.
“Dessa forma, temos visto uma forte redução do poder de compra do brasileiro o que, aliado a um cenário de forte alta de juros, se traduz em uma demanda altamente fragilizada para bens de consumo, especialmente os discricionários e de preço médio mais alta”, diz a XP.
BTG corta o preço-alvo de MGLU3, mas recomenda compra
O BTG revisou suas avaliações para as empresas de e-commerce, e manteve a recomendação de compra para Magazine Luiza (MGLU3), Americanas (AMER3) e Mercado Livre (MELI34).
Quase todos os preços-alvo foram reduzidos porque o BTG vê o custo de capital das empresas mais alto e perspectivas piores para as margens e a receita no curto prazo, em meio à competição mais acirrada e à inflação.
O preço-alvo do Magazine Luiza passou de R$ 16 para R$ 7. Atualmente, o papel da empresa está cotado a R$ 2,93.