Magazine Luiza (MGLU3): Balanço decepciona com margens sob pressão; ação despenca 8%

Ainda que o mercado tivesse poucas expectativas com os resultados financeiros do Magazine Luiza (MGLU3) no quarto trimestre de 2021 – consequência do cenário macroeconômico desfavorável-, o banco Goldman Sachs avalia que o balanço, divulgado ontem (14) ficou ainda abaixo das projeções do mercado.

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O balanço não foi bem recebido pelo mercado e às 13h20, a ação recuava 8,63%, a R$ 4,86, liderando as perdas do Ibovespa nesta manhã.

A companhia varejista reportou um lucro líquido de R$ 93 milhões no último trimestre do ano passado, queda de 57,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em termos ajustados, o Magazine Luiza teve prejuízo líquido de R$ 79 milhões no último trimestre de 2021, com margem líquida de -0,8%.

No acumulado do ano, o Magalu soma lucro líquido de R$ 590,7 milhões, valor 50,8% acima de 2020, ano em que a covid-19 passou a ser declarada pandemia.

Entre outubro e dezembro, o Magazine Luiza somou vendas totais de R$ 15,45 bilhões, alta de 4% na comparação com o mesmo período do ano anterior, ainda que abaixo do avanço do índice oficial de avanço de preços, que terminou 2021 com alta acumulada de 10,06% em 12 meses.

O destaque positivo do balanço foram as vendas digitais da empresa, que somaram R$ 11,14 bilhões, alta de 117% na comparação anual, e correspondem a 71,6% do valor bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês). As vendas “mesmas lojas físicas” (SSS) caíram 22,8% na mesma comparação.

Confira a seguir a repercussão de analistas sobre o balanço do Magazine Luiza.

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Balanço do Magazine Luiza ficou aquém das expectativas, já baixas

Para o Goldman Sachs, ainda que o grande parte do mercado esperasse um resultado fraco no quarto trimestre de 2021, o balanço ficou aquém das expectativas, especialmente a receita líquida, 7% abaixo do consenso da Visible Alpha.

Ainda assim, o banco mantém recomendação de compra das ações ao preço-alvo de R$ 10,00 em 12 meses, potencial de valorização de 100% em relação ao preço da abertura do pregão, de R$ 4,99.

“Ventos contrários, de um cenário de demanda fraca nas principais categorias, custos inflacionários, mudanças no consumo digital e desalavancagem operacional [processo para reduzir o endividamento] podem ser fatores compreendidos pelo mercado neste momento, mas acreditamos que as ações da empresa sofrerão pressão à medida em que as expectativas são redefinidas”, informou o banco.

Entres os pontos de destaque do resultado, o Goldman destaca:

  • desaceleração do crescimento do ecommerce;
  • margem Ebitda abaixo das expectativas;
  • frutração com a linha LuizaCred, de crédito pessoal, o que pode indicar taxas de aprovação mais conservadoras daqui em diante.

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Volatilidade ainda está à solta

O BTG Pactual aponta que a redução do endividamento da empresa e taxa de desalavancagem operacional a ritmo acima do esperado são alguns dos fatores que explicam o Ebitda ajustado fora das expectativas, bem como o mau desempenho da companhia aos olhos do mercado.

Outro ponto a ser considerado é o prejuízo da linha de crédito LuizaCred, que somou R$ 14 milhões no quarto trimestre. Segundo o BTG, apesar do portfolio “saudável”, as provisões financeiras dispararam para R$ 439 milhões no quatro trimestre de 2021, ante R$ 135 milhões no mesmo período um ano antes.

O banco mantém a recomendação de compra para as ações do Magazine Luiza ao preço-alvo de R$ 16,00, potencial de valorização de 230,5% em relação ao preço desta manhã.

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Macro continua um desafio para desempenho do Magazine Luiza e varejistas

A XP Investimentos avalia que o Magazine Luiza reportou resultados abaixo das estimativas, “que já incorporavam um cenário desafiador”.

Segundo a corretora destaca, do lado negativo, a companhia teve uma despesa não recorrente de R$ 249 milhões no trimestre enquanto a provisão de estoques do trimestre anterior (de R$ 395 milhões) acabou antecipando contabilmente um efeito futuro de diminuição da margem.

“No entanto, o Magalu deu uma maior abertura da diversificação de produtos em sua plataforma, com as novas categorias representando 45% das vendas do e-commerce em 2021”, informou, citando destaques do valor bruto de mercadorias da Kabum, Época Cosméticos e AiQFome.

Com queda de 79% desde a máxima, é improvável que MGLU3 retome R$ 20

Para a Genial Investimentos, é improvável que as ações do Magazine Luiza voltem a ser negociadas próximo à casa dos R$ 20,00, ou pelo menos, não no curto prazo. Segundo o banco, este é “um preço irracional”.

“Apesar de grandes desafios a serem vencidos no curto prazo, principalmente em relação ao cenário macro brasileiro, que manterá as margens e custos da empresa pressionadas em 2022, acreditamos que o forte sell-off do varejo deixaram oportunidades para o carrego de longo prazo”, afirma.

Segundo o relatório, assinado pelo analista de varejo Iago Souza: “Acreditamos que este pode ser um bom ponto de entrada para o longo prazo. No curto prazo, o ruído e volatilidade devem se manter presente no varejo como um todo”.

Para a casa de investimentos, as ações do Magazine Luiza tem preço justo de R$ 8,00, potencial de valorização de 65% em relação à cotação desta manhã.

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Pedro Caramuru

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