O Magazine Luiza (MGLU3) terminou o primeiro trimestre de 2023 (1T23) com um prejuízo líquido ajustado de R$ 391,2 milhões, pior que projetado pelo mercado. Esse número reportado pela varejista representa um aumento de 143% nas perdas do 1T23. Um ano antes, o Magazine Luiza teve resultado negativo de R$ 161 milhões.
De acordo com as informações divulgadas nesta segunda (15), o prejuízo do 1T23 do Magazine Luzia foi influenciado pela alta taxa de juros e pela sazonalidade das despesas financeiras.
No conceito ajustado, o prejuízo foi menor: R$ 309 milhões. Nesse cálculo, a empresa exclui despesas não recorrentes relacionadas, principalmente fechamentos de quiosques nas lojas da varejista de moda Marisa (AMAR3), um centro de distribuição.
A companhia fechou 175 pontos físicos nos últimos 12 meses, sendo nove lojas, um centro de distribuição e, o restante, quiosques. No trimestre, foram 37 fechamentos de quiosques, mas nenhuma loja foi fechada. Os custos de fechamento do CD, por sua vez, se concentraram nesse primeiro trimestre do ano. Segundo a empresa, esse último fechamento já estava planejado, pois era muito próximo à unidade de Gravataí (RS).
A variação na área total de vendas do Magazine Luiza caiu menos de 1% na comparação com o mesmo período do ano passado, explica o CFO da companhia, Roberto Belissimo. “Foram quiosques com baixa produtividade e performance. São quiosques, em sua maioria, de um parceiro, que era a Lojas Marisa”, disse.
Para ele o prejuízo, que veio maior do que a previsão de casas como a XP, o Itaú BBA e o Santander, se deveu à linha de despesas financeiras e é “sazonal”, já que nos primeiros meses do ano, a companhia antecipa mais recebíveis para ter acesso aos montantes vendidos no fim do ano. Além disso, a empresa escolheu escolhido pagar grande parte dos seus fornecedores nesse trimestre, afirma a gestão da companhia.
“Para amenizar as despesas financeiras, temos aumentado a participação do PIX (40% das vendas digitais); acabamos de anunciar uma renovação do acordo com a Cardif e vamos receber R$ 1 bilhão; e a tendência do CDI de agora para frente é de queda. Diferente do ano passado em que o CDI foi subindo o ano todo, agora o CDI está alto, mas a curva futura aponta para baixo”, afirmou Belissimo.
Confira os principais números do balanço do Magazine Luiza do 1T23:
- Receita líquida: R$ 9.067,3 bilhões, alta de 3,5% ante 1T22;
- Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado: R$ 448 milhões, alta de 3,2% ante 1T22;
- Resultado líquido ajustado: prejuízo de R$ 309,4 milhões (no 1T22, o prejuízo foi de 98,8 milhões).
Com números ajustados, o prejuízo líquido foi de R$ 391,2 milhões. Entre os números negativos, a empresa informou ao mercado que suas vendas totais atingiram R$ 16 bilhões no 1T23, crescimento de 10% ante o 1T22.
“Esse excelente desempenho de vendas permitiu que o Magalu aumentasse sua participação no mercado brasileiro de ecommerce em 6 pontos percentuais, atingindo o maior nível de marketshare“, comemorou a varejista.
O Ebitda, por sua vez, foi de R$ 324 milhões, com alta de 2% ante o mesmo período de 2022. O mesmo indicador ajustado foi de R$ 448 milhões, alta de 3,2%. A empresa explica que o crescimento das vendas em conjunto com o aumento da margem de contribuição do marketplace (shoppings digital onde lojistas virtuais vendem seus produtos e pagam uma porcentagem da venda ao Magalu) contribuiu para o crescimento do Ebitda. A companhia aumentou as taxas cobradas, bem como sua receita vinda de serviços prestados a esse lojistas, como o Fulfillment. Nessa modalidade, a companhia, além de entregar, armazena os produtos nas dependências do Magazine Luiza.
A receita líquida ajustada foi de R$ 11,3 bilhões, com alta de 6,9% sobre o mesmo período de 2022. No trimestre, as vendas totais, incluindo lojas físicas, e-commerce com estoque próprio (1P) e marketplace (3P) cresceram 10,1% e atingiram R$ 15,5 bilhões, reflexo do aumento de 11,1% no comércio digital e um crescimento de 7,5% nas lojas físicas. No digital, a alta foi puxada por crescimento de 19,4% no marketplace e vendas de 4,4 bilhões.
Magalu: Expectativas do mercado sobre 1T23
Os especialistas do mercado financeiro já projetavam que o Magalu apresentaria um novo prejuízo neste 1T23. Enquanto o consenso Bloomberg projetava um prejuízo de R$ 62 milhões no balanço do Magazine Luiza do 1T23, casas como BTG, Itaú BBA e Genial estimavam números negativos entre R$ 176 milhões a R$ 190 milhões.
Confira as prévias dos números do Magazine Luiza no 1T23:
MGLU3 – PRÉVIAS 1T23 | BTG Pactual | Itaú BBA | Genial Investimentos | Consenso Bloomberg |
Receita líquida | R$ 9.264 bilhões | R$ 9.270 bilhões | R$ 9.559 bilhões | R$ 9.575 bilhões |
Ebitda ajustado | R$ 524 milhões | R$ 474 milhões | R$ 505 milhões | R$ 557 milhões |
Resultado líquido | Prejuízo de R$ 176 milhões | Prejuízo de R$ 183 milhões | Prejuízo de R$ 190 milhões | Prejuízo de 62 milhões |
Ações do Magazine Luiza
Do início do ano até o pregão desta segunda, as ações do Magazine Luiza dispararam 69,11% — só nos últimos 30 dias, a alta foi de 19,67%.
Cotação MGLU3
Mesmo com o prejuízo já esperado pelos agentes econômicos, essa alta é justificada pelos especialistas como uma sinalização positiva do mercado em torno de uma possível queda da Taxa Selic na reunião de agosto do Copom (Comitê de Política Monetária). Com os juros menores, o consumo tende a ser incentivado, o que impulsiona varejistas como o Magalu.
De acordo com o mapeamento do Status Invest, as ações do Magazine Luiza terminaram o pregão desta segunda em alta de 1,62%, ao preço de R$ 4,38.
Com Estadão Conteúdo
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