Magalu (MGLU3), Via (VIIA3): como a alta no petróleo pode pressionar as varejistas
A XP Investimentos avaliou os possíveis aumentos nos custos das empresas de varejo em função das altas de commodities, especialmente o petróleo. A guerra no leste europeu pode, de acordo com os analistas, causar impacto nas empresas de varejo, como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3).
De acordo com a XP, varejistas de consumo discricionário também podem ter seus resultados afetados com o conflito. Empresas como Lojas Renner (LREN3), C&A (CEAB3), Natura (NTCO3) e Alpargatas (ALPA4) também foram avaliadas pela corretora.
O relatório assinado pelos analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt aponta que a cada 1% de alta no custo de frete das empresas, há um baque direto no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), em cerca de 0,5%.
Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia – que já dura 14 dias -, a cotação de muitas commodities aumentou, acendendo um alerta para a escalada da inflação global. Alguns dos insumos mais impactados foram:
- petróleo: +60%
- grãos: +40%
- borracha sintética: +20%
- metais (outo/prata): +10%
- algodão: +5%
“Isso deve pressionar ainda mais a inflação global e, consequentemente, os custos das varejistas”, comentam os analistas da XP. “Destacamos que custos de frete também são relevantes para a Natura e, portanto, podem ser outra possível fonte de pressão de margens”, diz o documento.
Sobre a variação da margem Ebitda, a previsão é de que a Americanas deve ter, a cada 1% de alta dos custos com frete, a redução de 0,1 ponto porcentual. Por outro lado, a Via e a Magazine Luiza não devem ver alterações do tipo.
“Apesar das varejistas poderem compensar parte do aumento de custos por meio do repasse para preços, acreditamos que isso reduziria o volume de vendas diante do cenário macro desafiador. Apesar de a rentabilidade permanecer estável, o Ebitda em termos absolutos apresentaria queda”, afirmam os analistas.
A XP também lembra que, embora a projeção de que haja disrupção da oferta, principalmente de semicondutores, deva elevar os custos de linha branca/eletrônicos, o recente corte do IPI pode compensar parte desse efeito na rentabilidade das companhias.
Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3): quem ganha mais com a redução do IPI?
O governo brasileiro reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 18,5% a 25%. A medida alivia a carga tributária na produção de automóveis, eletrodomésticos da chamada linha branca – como refrigeradores, freezers, máquinas de lavar roupa e secadoras – e outros produtos industrializados. Analistas da XP Investimentos acreditam que empresas do setor varejistas, como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e até Natura (NTCO3) serão beneficiadas pela redução.
Conforme relatório feito pela XP Investimentos, o foco da medida é incentivar a indústria e comércio local, reaquecer a economia e gerar empregos.
A XP mapeou o IPI aplicado para os principais produtos que sofrem impacto dentro da cobertura da empresa, com os impostos aplicados em linha branca/eletrônicos variando entre 5% e 35%, e cosméticos, entre 0% a 42%.
Além disso, os analistas afirmam que a maioria dos produtos finais dos segmentos de vestuário, calçados, medicamentos e alimentos não pagava IPI. Mas podem sim ser impactados positivamente, uma vez que determinadas matérias primas também eram afetadas pelo imposto.
A XP acredita que a Magazine Luiza, Via e Natura devem ser as maiores beneficiárias da redução do IPI, uma vez que o corte deve levar a menores custos: “Acreditamos que deve ser repassado completamente para os preços finais para aumentar a demanda ou ser parcialmente incorporados nas margens”. A Alpargatas (ALPA4) também deve recolher alguns benefícios, já que as principais matérias primas têm efeito do IPI.