Magazine Luiza (MGLU3): ações despencam no Ibovespa e chegam ao menor valor em seis anos. O que houve?
As ações do Magazine Luiza (MGLU3) despencaram nesta terça-feira (3), liderando as perdas do Ibovespa, com as ações do setor de varejo e consumo, mais sensíveis às taxas de juros, sendo penalizadas em uma sessão de forte aversão ao risco.
No fechamento, as ações ordinárias de Magazine Luiza derreteram 8,4%, cotadas a R$ 1,84, no menor patamar desde dezembro de 2017. Os papéis de Casas Bahia (BHIA3) recuaram 7,93%, a R$ 0,58, assim como os de Petz (PETZ3), com queda de 6,52%, a R$ 4,30.
Cotação MGLU3
“Entre as maiores quedas do Ibovespa hoje, há empresas de setores sensíveis às variações dos juros, como consumo, construção civil e tecnologia. A maior queda do Ibovespa é Magazine Luiza. Outros destaques negativos ficam para Petz e Hapvida. São setores que se prejudicam com a alta de juros”, aponta Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital.
Mais cedo, nesta terça, mesmo com a notícia positiva de que a Casas Bahia (BHIA3) conseguiu chegar a um acordo com credores para evitar a antecipação dos vencimentos de sua dívida, as ações da companhia despencaram. A dívida, que consiste em um certificado de recebíveis imobiliários (CRI) lastreado na oitava emissão de debêntures da empresa, foi emitida em 2022, avaliada em R$ 420 milhões.
Magazine Luiza (MGLU3) deve elevar rentabilidade e margens, dizem analistas; recomendação é mantida
Em meados de setembro, após a incorporação dos resultados referentes ao primeiro semestre de 2023 e revisão de premissas macroeconômicas do Magazine Luiza, o BB Investimentos decidiu manter a recomendação da companhia. Justificaram dizendo que o comando da varejista vem trabalhando para elevar sua rentabilidade e aumentar margens, apesar do momento desafiador, segundo a casa.
Em relatório assinado por Georgia Jorge, o BB-BI cortou o preço-alvo para as ações do Magazine Luiza de R$ 4,20 para R$ 3,70, mantendo a recomendação em “compra”.
A revisão do valuation do Magazine Luiza realizada pela casa contempla a incorporação dos resultados referentes ao primeiro semestre de 2023, em especial de outras despesas não recorrentes relacionadas à reestruturação, além da incorporação da margem bruta acima das suas estimativas iniciais.
A análise inclui ainda a atualização de premissas macroeconômicas, com elevação da taxa de desconto em função da alteração do beta e taxa livre de risco.
Magazine Luiza está atuando para elevar sua rentabilidade, diz BB-BI
No relatório, o BB Investimentos lembra que as ações MGLU3 acumulam queda de 16% nos últimos 30 dias, refletindo o desconforto dos investidores com os resultados do segundo trimestre de 2023 aquém das estimativas, por ocasião de despesas não recorrentes pressionando a rentabilidade.
Mesmo assim, a casa acredita que, apesar do momento desafiador, com um cenário de vendas ainda vagaroso, a companhia está atuando para otimizar sua operação e elevar a rentabilidade.
“Ainda que no curto prazo esse movimento implique em despesas relacionadas ao aprimoramento de estrutura que, combinadas com vendas mais mornas de bens duráveis, pressionam a rentabilidade da companhia, a Magazine Luiza vem buscando equilibrar essa pressão com investimentos no seu marketplace“, apontou.
Neste contexto, disse o BB-BI, além do marketplace permitir à companhia explorar novas categorias de produtos sem pressionar seu capital de giro, o canal ainda contribuiu para a atração de novos clientes e aumento da frequência de compras de clientes já existentes.
BB-BI: Magazine Luiza tem se esforçado para aumentar margens
Ainda de acordo com o BB Investimentos, a Magazine Luiza tem se esforçado para monetizar sua operação e aumentar suas margens operacionais em um momento de forte pressão sobre os resultados, em função de um cenário menos propício para o consumo de bens duráveis.
A casa lembrou algumas iniciativas realizadas pela Magazine Luiza para simplificar sua plataforma, como expansão do fulfillment – nome dado ao processo logístico e operacional que permite entregar produtos a clientes no e-commerce -, consolidação da Hub Fintech e da Magalu Pagamentos, além de aumento da participação da companhia em produtos com tíquete entre R$ 200 e R$ 1000.