Nesta sexta-feira (9), as ações de varejistas como a Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3), Americanas (AMER3), Marisa (AMAR3) e C&A (CEAB3) subiram forte, impulsionadas pelo maior apetite ao risco e a deflação de agosto, de 0,36%.
O dado da deflação alimentou a expectativa de que a Selic se mantenha em 13,25% na próxima reunião do Copom, em 20 e 21 de setembro, e que haja um corte na taxa em um prazo menor do que o esperado, o que animou as varejistas, diretamente beneficiadas pelo corte na taxa básica de juros, explica Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.
“Isso ajuda a baratear o crédito para o consumidor final e para as empresas, que usam empréstimos para financiar as operações e girar o estoque, o que aumenta o volume de negócios, a margem de lucro. Reduz ainda a despesa financeira”, diz Alvez.
O especialista explica que a perspectiva de juros mais baixos auxilia na reavaliação do valuation das varejistas, com “desconto” refletindo na cotação das ações. Por estarem “baratas” acabam ficando mais sensíveis a esse tipo de movimento.
Rodrigo Azevedo, economista e sócio-fundador da GT Capital afirmou que para setembro ainda se espera um cenário de deflação. Em agosto, o dado foi reflexo das medidas do governo de redução da cobrança de ICMS (imposto estadual) sobre combustíveis, energia, transporte e telecomunicações, avaliou o especialista.
“Mesmo com cenário de deflação, o Banco Central deve manter a taxa de juros altas por mais tempo ainda, uma vez que os efeitos da política monetária ainda são lentos”, pontua.
Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco, acrescenta: “O IPCA de agosto veio em linha com o esperado com deflação de -0,36%. A expectativa do mercado girava em torno de deflação de -0,40%. Essa deflação ainda é decorrente da decisão do governo em relação à redução do ICMS sobre combustíveis e energia. Trata-se de um alívio temporário que se dá por causa dessas medidas que proíbem estados de cobrarem taxa superior à alíquota geral de ICMS, que varia de 17% a 18% dependendo do local. A expectativa é de que o IPCA encerre o ano a 6,61%, acima tanto da meta de 3,5% como do teto de 5%.”
Magazine Luiza (MGLU3) vs Via (VIIA3): Qual é a melhor?
A Guide Investimentos traçou uma comparação entre as ações da Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3). Spoiler: a Guide prefere a Magalu.
Na avaliação do analista Rodrigo Crespi, a Magazine Luiza tem ao seu favor a participação maior de vendas digitais na sua receita bruta, de 60% versus 40% da Via. Além disso, a Magazine Luiza tem 200 mil vendedores no seu marketplace, 67 mil a mais que a Via.
No quesito de alavancagem, a Guide diz que a Magazine Luiza tem mais “folga” em relação à sua posição de caixa líquido ajustado.
“Tirando a operação da financeira, a Via se mostra bem mais alavancada pelo critério dívida líquida/Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização)”, diz o analista da Guide.
Outro ponto que a Guide destaca a favor da Magazine Luiza é o ganho de mais de R$ 1 bilhão em capital de giro da Magalu nos últimos 12 meses, enquanto a Via teve consumo de caixa de R$ 400 milhões.
“Em termos de valuation potencial, o consenso do mercado aponta um upside maior para MGLU3, o que reforça a nossa preferência, além é claro dos demais pontos elencados acima” conclui a Guide.
Cotação
As ações do Magazine Luiza fecharam esta sexta-feira (9) em alta de 2,10%, cotadas a R$ 4,38. As ações da Via fecharam em alta de 6,89%, cotadas a R$ 3,26 e as ações da Americanas fecharam em alta de 9,31%, cotadas a R$ 16,56. Veja mais resultados do Ibovespa nesta sexta clicando aqui.