Ações do Magazine Luiza (MGLU3) e varejistas caem 7%. O que está acontecendo?

As ações das principais varejistas do Ibovespa fecharam em queda nesta terça-feira (6) pré-feriado. Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) cederam 7,14%, 7,67% e 5,24%, respectivamente.

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Os motivos por trás da pressão baixista nas ações de Magazine Luiza e seus pares estão relacionados principalmente à precificação de uma subida na taxa básica de juros, a Selic, após a sinalização feita pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

Campos Neto participou da premiação Valor 1000 na noite de segunda-feira (5) e afirmou que, diferentemente dos Estados Unidos e Europa, no Brasil “basicamente o trabalho está feito”, mas que a batalha contra a inflação não está ganha. Afirmou ainda que “não há nada a comemorar”, apesar da melhora recente do IPCA.

“A gente entende que tem que passar mensagem dura. A mensagem de hoje é a mesma do último Copom. Aproveitamos eventos como esse para nos manifestar e o que continua valendo hoje são o comunicado e ata do último Copom, em que a gente disse que avaliaria um possível ajuste final”, disse, em evento.

“Vamos avaliar um possível ajuste final em setembro”, reforçou. No último Copom, em agosto, o BC disse que avaliaria “a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião”.

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“O mercado está precificando a alta da taxa de juros, e por isso as varejistas e os bancos sofreram bastante”, disse Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos. “Além disso, há preocupação em relação aos eventos de amanhã, feriado de 7 de setembro. Então, o mercado preferiu realizar um pouco das posições devido a um receio de ter uma manifestação mais forte ou algo mais voltado ao feriado.” Ele ressaltou que o principal vetor, entretanto, foi a precificação antecipada e o movimento prejudica especialmente o setor varejista.

Houve também uma subida na curva de juros longa, principalmente nos vértices “no miolo”, ou seja, DI com vencimentos em 2024, 2025 e 2027, que foram os que mais “estressaram o Ibovespa”, de acordo com Victor Hugo Israel, especialista em Renda Variável da Blue3. As falas dos dirigentes do Banco Central também afetaram, com posicionamento mais hawkish do que o projetado.

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“Apesar de o Brasil ser um grande exportador de inflação (como as commodities), ainda é interconectado com as principais potências globais, principalmente Estados Unidos e Europa, e lá o momento é desafiador”, explicou. “Isso, de certa forma, acaba influenciando a nossa economia interna, já que o Brasil acaba importando resíduos inflacionários dos países desenvolvidos.”

Marcelo Oliveira, CFA e sócio-fundador da Quantzed, acrescenta: “A fala dura do Roberto Campos Neto, apesar da inflação ter vindo mais baixa, pegou o mercado de surpresa. Ele acha que ainda não é hora de afrouxar porque acredita que ainda tem alguns setores piores como serviços que ainda não se recuperaram. Com isso, o BC deve vir com mais um aumento da taxa, que o Campos Neto não acha que cai tão cedo. Isso deu um banho de água fria na bolsa junto com pesquisas um pouco piores para o Bolsonaro.”

Oliveira complementa: “Setores de varejo e construção são os setores que mais sofrem com juros mais altos porque são empresas mais alavancadas operacionalmente, além de terem um beta alto. Quando o mercado cai elas tendem a cair em maior magnitude.” Hoje o Ibovespa fechou em queda de queda de 2,17%, em 109.763,77 pontos, após oscilar entre 109.348,31 e 112.202,77 pontos,

Outro fator que derrubou as ações das varejistas hoje foi a curva de juros de 2029, próxima de +2% no dia, alcançando valor próximo de 11,89%. “Todas as vezes em que os juros futuros sobem, as ações das varejistas caem, em virtude da expectativa negativa em relação ao aumento nas vendas e custos mais altos para captação de recursos”, disse Alexandre Achui, head da Mesa Private de ações e sócio da BRA, a respeito da queda de Via, Americanas e Magazine Luiza.

No acumulado de agosto, o Magazine Luiza ficou entre os principais destaques de alta, com valorização de 65,50%, dando continuidade à alta de 10,23% em julho. A Via teve uma alta de 34,17%, dando seguimento a alta de 25,00% registrada em julho.

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Victória Anhesini

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