Magazine Luiza (MGLU3) tem foco no marketplace e olho na China

O resultado do segundo trimestre deste ano do Magazine Luiza (MGLU3) parece ter ajustado a visão de longo prazo da companhia. Se a varejista era considerada por especialistas a mais digital do setor, o futuro deve ser ainda mais online.

Com cerca de R$ 5 bilhões em caixa para novas aquisições, o Magazine Luiza deve continuar indo às compras. O foco, como não poderia deixar de ser, deve ser o mundo digital que se forma no Brasil, impulsionado pela pandemia causada pelo novo coronavírus.

“Nossa próxima missão é digitalizar o varejo brasileiro e isso é parte do propósito da companhia. Então, o foco está inteirinho no marketplace agora. A pandemia já provou que estávamos prontos para isso. Então, o foco é fazer tudo o que fizemos para o Magalu, agora, para terceiros”, afirmou Frederico Trajano, CEO da empresa.

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Para o CEO, o crescimento de 214% no segundo trimestre de 2020 ante o mesmo período do ano passado deixou uma coisa clara à empresa. “O futuro está, sem dúvida, no marketpace e é esse o nosso foco”, completou Trajano.

Na segunda parte da entrevista ao SUNO Notícias, Trajano afirma que, atualmente, observa mais o mercado chinês do que o americano, dado as maiores semelhanças e adaptações que as empresas do país oriental realizam.

“A China é um país muito mais digitalizado do que os EUA. Você tem uma penetração de e-commerce maior, o uso de celular muito maior, empresas fazendo coisas super criativas. A China é um país mais digital e também é um país que era pobre, mais parecido com o Brasil”, disse.

Confira a entrevista do SUNO Notícias com Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza:

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-O marketplace é a grande estrela do Magazine Luiza e cresceu 214% no trimestre. Vocês continuarão a investir nessa modalidade? Ainda há espaço para crescer?
O marketplace tem só três anos. Então, a gente lançou para ter uma operação estabilizada primeiro para ir no 3P [marketplace] sem ter que apelar. Não queria, por exemplo botar vendedor que não vende sem nota fiscal, colocar vendedor que não atenda bem. Eu queria fazer por opção, então o fato é que quando concluímos a digitalização do Magalu, vimos que tínhamos muito a ensinar outras empresas.

Nossa próximo missão é digitalizar o varejo brasileiro e isso é parte do propósito da companhia. Então o foco está inteirinho no marketplace agora. A pandemia já provou que estávamos prontos para isso. Então, o foco é fazer tudo o que fizemos para o Magalu, agora, para terceiros.

Melhorar logística, pagamento, elevar sistemas, plataformas, então o foco da companhia tem sido esse. Subimos de 8 mil sellers para 32 mil e, nessa pandemia, uma das coisas mais significativas foi no lançamento do Parceiro Magalu.

Hoje, os marketplaces elevam aqueles sellers que já são online. Nós lançamos uma plataforma para lançar o seller analógico. Para você ter uma ideia, tem 5 milhões sellers no Brasil, só 50 mil vendem online. Então a grande maioria é analógica, mas o sistema que você precisa para quem é analógico é diferente do cara que já está no online.

Desenvolvemos o Parceiro Magalu, antecipamos o lançamento, porque queríamos ajudar esse cara que estava com a loja fechada. Adicionamos cerca de 6 mil sellers só neste trimestre e a grande maioria era analógico. Poucos marketplaces exploram esses pequenos e eles vão, no futuro, representar a companhia. Nós obrigamos ele a emitir nota, mas o legal é que salvou muita gente.

O futuro está, sem dúvida, no marketpace e é esse o nosso foco.

-Vocês compraram recentemente a Hubsales para tentar trazer a indústria pro marketplace. Esse modelo D2C é o futuro?
Você falou um pouco do setor de confecção. Tem 14 polos industriais brasileiros e eles todos dependem de intermediário e até a mercadoria chegar no e-commerce demora muito. Tem vários intermediários e esse processo de desintermediação é bom para o consumidor final, que consegue pagar um preço menor, como também para indústria que consegue vender com uma margem maior.

Acreditamos muito nisso. Na China já é uma realidade. Eu já olho mais a China que os EUA faz tempo, mas acho que tem um futuro promissor. Depende muito da nossa execução.

-Por que você olha mais a China do que os EUA?
A China é um país muito mais digitalizado do que os EUA. Você tem uma penetração de e-commerce maior, o uso de celular muito maior, empresas fazendo coisas super criativas. A China é um país mais digital e também é um país que era pobre, mais parecido com o Brasil.

É diferente um pouco a plataforma que você desenvolve para um país rico do que para um que já foi pobre. Então lá você tem que inventar como entregar produto, porque lá não tinha uma UPS, então eles têm características sociais mais parecidas com o Brasil então as soluções empresariais acabam sendo mais similares do que a nossa.

-O investimento em empresas de publicidade online realizado no começo deste mês demonstra que vocês continuarão a aposta no e-commerce como diferencial do Magazine Luiza?
Fizemos a captação de R$ 5 bilhões ano passado foi para comprar empresas e fazer investimentos. Só que, com a pandemia, não fazia sentido você estar reduzindo jornada de trabalho e comprando empresa. Minha equipe ia se sentir mal com isso.

A partir de junho quando vimos que a geração de caixa estava boa, voltamos a anunciar M&A e vamos anunciar mais. Continuamos olhando oportunidades vamos comprar, sou super racional, não faço movimentos que acho que não façam sentido, somos price sensitives, então se for um bom negócio para a companhia faz sentido, mas temos um histórico muito bom em comprar e integrar empresas.

-Baseado em tudo o que falamos, a Amazon ainda assusta?
Olha, faz 20 anos que eu respondo essa pergunta. Ela é uma empresa fonte de inspiração de qualquer executivo de e-commerce do mundo ao lado do Alibaba. Eu sempre respeitei, continuo respeitando, mas quanto mais tempo eles demoram para chegar organicamente, vai ficando mais difícil. Mas, é uma opção que está aberta para eles também.

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Vinicius Pereira

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