O resultado de Magazine Luiza (MGLU3), que anunciou na segunda-feira (8) um lucro líquido ajustado de R$ 232 milhões no quarto trimestre do ano passado, foi visto com sobriedade por analistas do mercado financeiro. De qualquer forma, próximo das 11h15 (de Brasília), as ações subiam Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), com valorização de 2,94%, aos R$ 23,78.
De modo geral, apesar do lucro ter sido considerado positivo e o Magazine Luiza um dos melhores players do varejo, principalmente em relação a geração de caixa e presença omnichannel, as incertezas que a pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19) pode trazer ao setor, causando fechamento de lojas e pressão sobre as margens, ainda podem afetar o desempenho da companhia.
“Gostamos do forte crescimento de Magalu no trimestre, e mais ainda da indicação de que o crescimento continuou forte em janeiro e fevereiro”, informou, em relatório, o banco Safra.
“No entanto, acreditamos que a deterioração maior do que o esperado na margem bruta poderia compensar um desempenho mais otimista, pelo menos até que os investidores tenham uma melhor compreensão do nível de lucratividade das operações de mercado em rápido crescimento”, completou o banco.
Geração de caixa e presença omnichannel explicam bom desempenho
Para a XP Investimentos, o resultado apresentado é positivo e ficou levemente acima das expectativas, com a performance da Magazine Luiza no período acima dos concorrentes.
Além disso, a forte geração de caixa da companhia foi destacado como um dos pontos positivos pelos analistas da XP. A empresa informou que nos últimos 12 meses, houve um aumento de R$ 1 bilhão na geração de caixa líquido, passando de R$ 6,3 bilhões em dezembro de 2019, para R$ 7,3 bilhões em dezembro do ano passado.
Já para o Safra, os resultados mostram que a Magazine Luiza continua a liderar o varejo online no País. Nos três últimos meses do ano, as vendas totais, incluindo lojas físicas, e-commerce com estoque próprio (1P) e marketplace (3P) cresceram 66,1% para R$14,9 bilhões, “reflexo do aumento de 120,7% no e-commerce total e de 15,7% nas lojas físicas (10,9% no conceito mesmas lojas)”, segundo a empresa.
Isso implica em uma geração de caixa positivo, segundo o Safra. “A Magalu teve uma geração de fluxo de caixa livre saudável no quarto trimestre de 2020 (R$2,1 bilhões), ao mesmo tempo em que liderou o crescimento do comércio eletrônico e manteve os investimentos para suportar o crescimento e a qualidade dos serviços”, disse o banco, em relatório.
Para o BTG Pactual (BPAC11), a evolução do Magazine Luiza como uma plataforma de comércio eletrônico é o ponto positivo da companhia e foi explicado por fatores como a crescente base de vendedores no site, além da aposta no aplicativos de marcas do grupo.
“A crescente base de vendedores da empresa (47k vendedores vs. 40k no 3T20); vendas mais fortes por meio de plataformas móveis, com o aplicativo alcançando 33 milhões de usuários ativos, incluindo Superapp da MGLU (vs. 30 milhões no 3T20), também como os aplicativos da Netshoes, Zattini e Época Cosméticos; e entregas expressas (24 horas) representaram 45% das vendas do comércio eletrônico (vs. 40% no 3T20 e vs. 5% em março)”, informou o banco em relatório.
Apesar do resultado, Magazine Luiza ainda tem desafios
Mesmo com os bons resultados, os analista do mercado também listaram os principais desafios daqui para a frente do Magazine Luiza. Segundo a XP Investimentos, a necessidade de novos fechamento das lojas físicas dado o aumento no número de casos de covid-19 no País pode afetar o desempenho da varejista no futuro.
“A companhia sinalizou um cenário um pouco mais cauteloso para loja física dado o aumento de restrições relacionado ao covid-19, o que pode ser um risco negativo para nossas estimativas nesse canal”, disse, em relatório.
Além disso, os analistas da XP também enxergam o Magazine Luiza descolado de seus pares. “Mesmo após a forte queda do papel de hoje (-8,1%), o papel ainda está negociando a 2,8x EV/GMV 2021e vs. 0,8x para LAME4, 0,8x para BTOW3 e 0,4x para VVAR3”, informou a XP, em relatório.
Para o Safra, enquanto os avanços no mundo digital são positivos em uma via, por outra espreme as margens brutas da empresa. O Magazine Luiza teve queda de 3,9p.p. na margem devido à maior participação do online. Segundo a XP, a Via Varejo, no mesmo período, teve redução de 1,1p.p. e a Lojas Americanas de 1,4 p.p.
“Apesar dos avanços bem-vindos em seu ecossistema digital, notamos a forte deterioração na margem bruta, que somada aos investimentos em curso no nível de serviço, ofuscou os ganhos de alavancagem operacional”, disse, em nota sobre o Magazine Luiza.