O grupo de moda de luxo LVMH, dono da Louis Vuitton, informou que está propenso a desistir de comprar a rede de joalheria norte-americana Tiffany, por mais de US$ 16 bilhões (cerca de R$ 84,9 bilhões).
Segundo o grupo francês, as relações políticas entre os Estados Unidos e a França interferem na operação. O conselho de administração da LMVH recebeu uma carta do Ministério das Relações Exteriores da França solicitando que atrasasse a aquisição da Tiffany para depois de janeiro de 2021, por causa da ameça de tarifas adicionais dos EUA sobre produtos franceses.
Além disso, o grupo informou que a joalheria norte-americana solicitou adiamento das negociações para 31 de dezembro deste ano. No entanto, o conselho da LMVH decidiu permanecer com os termos atuais do acordo, dessa forma, o negócio deve ser concluído até 24 de novembro.
“Do jeito que as coisas estão, o grupo não estaria, portanto, em condições de realizar a aquisição da Tiffany”, informou o comunicado.
Após ser informada da desistência, a rede de joalheria entrou com processo contra a LVMH para que a aquisição seja concluída. De acordo com a norte-americana, o grupo não buscou a aprovação para a fusão em várias jurisdições importantes, incluindo a União Europeia, o que tornaria dificil a finalização do negócio antes do fim de novembro.
Histórico entre LVMH e Tiffany
Recentemente, a Tiffany vem passando por conturbados períodos em seu negócio. No momento em que recebeu a primeira proposta da LVMH, em outubro de 2019, por US$ 14,5 bilhões, a famosa joalheria estadunidense passava por uma crise econômica, ocasionada por menores gastos de turistas e impactada pela guerra comercial entre EUA e China — o que fortalecia o dólar, considerado ruim para sua operação.
Por mais que a LVMH havia apresentado uma proposta com um prêmio de 30% sobre o valor de mercado da Tiffany, a negociação não avançou. Em novembro, todavia, com a proposta de US$ 16,2 bilhões, o acordo foi fechado, mas as condições do mercado se deterioraram desde então.
Devido aos efeitos da pandemia, a Tiffany informou que seus resultados do primeiro trimestre deste ano serão significativamente impactados. No entanto, em razão da negociação com a LVMH, não fez previsões.