O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (27), que a Vale (VALE3) “não pode pensar que é dona do Brasil” e que “as empresas brasileiras precisam estar de acordo com o entendimento de desenvolvimento do governo brasileiro”. Ele deu as declarações em entrevista à RedeTV!, que foi gravada pela manhã e transmitida na noite de terça.
Lula foi questionado sobre as notícias de que tentou emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na presidência da empresa e sobre como acompanha a sucessão no comando da Vale. Lula disse que não discute o assunto, mas a “questão mineral” do Brasil, e afirmou que pretende ter uma nova política para a área.
Como mostrou o Estadão, a tentativa de interferência do governo na sucessão da Vale produziu uma divisão entre os acionistas da companhia que paralisou a decisão sobre quem vai presidir uma das maiores empresas do país.
Lula mencionou problemas causados por empreendimentos da Vale, como o rompimento da barragem em Brumadinho (MG) e disse que a empresa precisa ter responsabilidade. “Não é o Brasil que é da Vale, é a Vale que é do Brasil”, declarou o presidente da República.
O petista disse que a empresa, a maior companhia privada do Brasil e uma das maiores mineradoras do mundo, tem vendido mais ativos do que minério de ferro. “O potencial do Brasil tem que ser explorado, e a Vale não pode ter monopólio”, afirmou o presidente.
Lula também defendeu subsídios para fortalecer a indústria. Mencionou que os Estados Unidos criaram uma política nacional para renovar seu parque industrial. O presidente afirmou que quer construir um complexo industrial de saúde e falou em uma política que faça a indústria voltar a ser de 20% a 25% do PIB brasileiro.
Vale considera alternativa de um mandato mais curto para CEO, diz jornal
Ainda sobre a Vale, na tentativa de destravar a sucessão do CEO, a mineradora considera algumas alternativas, como a de estabelecer mandato de transição para o atual presidente, Eduardo Bartolomeo – assim, nessa recondução, o mandato seria menor do que o estipulado no estatuto da companhia, que é de três anos, e incluiria o compromisso de se trabalhar mais adiante por uma sucessão, apurou o jornal Valor Econômico.
No mês passado, o jornal já havia adiantado que a possibilidade de um mandato mais curto era uma alternativa em estudo, mas depois, essa hipótese não foi aventada publicamente.
No último dia 15 de fevereiro, o conselho de administração da Vale reuniu-se de forma extraordinária para debater o assunto sobre o processo de sucessão ou renovação de seu presidente, mas não chegou a uma conclusão.
Segundo apuração do Valor Econômico, houve um empate na votação do conselho da administração da Vale. O grupo é formado por 13 integrantes, sendo 12 eleitos em assembleia de acionistas e um representante pelos empregados.
*Com informações de Estadão Conteúdo