Lula promete crescimento econômico com responsabilidade fiscal e distribuição de renda

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou a primeira reunião ministerial, realizada nesta sexta-feira (6), para reafirmar suas promessas de campanha eleitoral sobre o desenvolvimento do Brasil em sua gestão, iniciada no último domingo (1°). Segundo ele, é possível fazer o país voltar a crescer com responsabilidade e distribuição de renda.

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“Todos nós sabemos do compromisso da campanha, da volta do crescimento, geração de empregos e crescimento da massa salarial”, afirmou Lula. “É possível fazer a economia voltar a crescer, com responsabilidade e distribuição de renda e riqueza.”

A responsabilidade fiscal do novo governo Lula segue no foco do mercado financeiro e é uma das maiores cobranças da gestão para os próximos quatro anos.

Na quinta-feira (5), a senadora Simone Tebet (MDB) assumiu o Ministério do Planejamento e Orçamento e afirmou no discurso de posse que formará “um quarteto a favor do Brasil” ao lado dos ministros da área econômica Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Indústria) e Esther Dweck (Gestão). Ainda assim, Tebet reconheceu que o “cobertor” das contas públicas está curto, e que “não há política social sustentável sem uma política fiscal responsável.”

Lula: “Relação com o Congresso será a mais importante como presidente”

Lula destacou durante sua primeira reunião ministerial a importância de um bom relacionamento com o Legislativo. Segundo o presidente, não há propósito em ter um governo composto por “técnicos gabaritados” mas não ter votos no Congresso.

“O Congresso nos ajuda. Nós não mandamos no Congresso, nós dependemos do Congresso e, por isso, cada ministro tem de ter a paciência e a grandeza de atender bem cada deputado, cada deputada, cada senador, cada senadora que o buscar”, disse.

A relação com o Legislativo deve ser diferente da gestão anterior. O presidente terá de articular sem as emendas de relator, instrumento que foi base das negociações durante os últimos quatro anos, na associação de Jair Bolsonaro (PL) com os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), respectivamente.

Em 19 de dezembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos para considerar inconstitucional o orçamento secreto, como era chamado o mecanismo que partia das emendas RP9, mas que teve seu objetivo desviado e inconstitucional, como julgou o Judiciário.

O esquema permitia que parlamentares apresentassem requerimento de verba da União sem a necessidade de detalhes ou transparência sobre a destinação dos recursos ou mesmo o parlamentar solicitante.

“Não tem veto ideológico para conversar e não tem assunto proibido em se tratando de coisas boas para o povo brasileiro. Então, eu quero que vocês saibam que contem comigo porque eu tenho consciência que não é o Lira que precisa de mim, é o governo que precisa da boa vontade da presidência da Câmara. Não é o Pacheco que precisa de mim, é governo que precisa de um bom relacionamento com o Senado”, afirmou Lula.

Lula afirmou que quer “muito” investir no fortalecimento do sistema cooperativo, no micro e pequeno empreendedor e no pequeno e médio empresário, mas ressaltou ser necessário que o trabalhador tenha “um mínimo” de seguridade social.

“Que ele tenha garantia de previdência, garantia de registro, garantia de que, quando estiver impossibilitado de trabalhar, o Estado garanta a ele um mínimo de segurança, porque se não a gente não terá um mundo de trabalho sadio e saudável, teremos um mundo de barbárie”, disse o presidente da República.

Lula destacou durante sua primeira reunião ministerial a importância de um bom relacionamento com o Legislativo. Foto: José Cruz/Agência Brasil

‘Mandato da vida’

Lula afirmou que esse será o mandato da sua vida. “Esse será o mandato da minha vida, todo mundo sabe que eu tenho obsessão para acabar com a fome, melhorar a saúde do povo. Porque eu conheço muita gente que morreu com receita no criado do lado da cama e não tinha 50 reais para comprar um remédio”, destacou.

Lula defendeu a necessidade de dar um salto de qualidade na educação, na cultura e na saúde brasileiras, também como forma de agregar valor aos produtos nacionais. “O Brasil precisa dessa gente bem formada, porque não pode passar mais um século exportando minério de ferro, soja e milho. Temos que exportar conhecimento, inteligência, coisa mais sofisticada com valor agregado,para que Brasil deixe de ser país em desenvolvimento e passe a ser país desenvolvido”, disse.

Ele defendeu que parte da violência no País existe pela ausência do Estado e, por isso, o governo precisa se esforçar para ampliar a presença em todos os lugares. “Não vou ter um minuto de cansaço enquanto não conseguir resolver os problemas”, prometeu o presidente.

O presidente da República fez o discurso entre o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), o “gerente” do novo governo.

Em tom de brincadeira, Lula afirmou que, daqui a pouco, Alckmin terá “mais poder que o presidente da República”. Além de vice-presidente, Alckmin coordenou a transição e foi nomeado ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Agrotóxicos

Lula afirmou ainda que a “força da lei vai imperar” sobre os empresários que continuarem usando agrotóxicos proibidos. “Neste País tudo vale, só não vale cidadão bandido achar que pode desrespeitar legislação”, declarou.

Ele disse que os empresários que produzirem de forma responsável serão “muito respeitados”.

O presidente se dirigiu, na abertura da reunião ministerial, a Carlos Fávaro e disse que fica feliz quando vê um “homem do agro” como ministro da Agricultura. “É a perspectiva que temos de pessoas sérias”, emendou o petista.

“Aqueles que teimarem em desrespeitar a lei, invadir o que não pode ser invadido, usando agrotóxico que não pode ser usado, a força da lei imperará sobre ele. Nós vamos exigir que a lei seja cumprida”, comentou Lula.

Governo não é de ‘pensamento único’

Na abertura da primeira reunião ministerial de seu terceiro mandato, o presidente afirmou que seu governo não é de “pensamento único”, mas composto de “pessoas diferentes” que precisarão fazer esforço para “construir” de forma igual.

“Não somos governo de um pensamento ou filosofia única, somos um governo de pessoas diferentes, o que é importante é que a gente, pensando diferente, faça um esforço para a reconstrução desse país, pensemos igual e construir igual”, disse Lula aos ministros.

Ele citou a cerimônia de posse realizada no dia 1º para apontar que há muito tempo não via “tanta alegria” nas pessoas e que é compromisso de seus ministros entregar um país “melhor e mais saudável”. “Vamos ter que entregar esse país mais saudável do ponto de vista da massa salarial, da educação”, disse.

Lula qualificou a tarefa como árdua. “Foi utilizado dinheiro na campanha para perpetuar governo (…). Esse país vai voltar a viver em democracia”, afirmou Lula, para quem o governo Bolsonaro foi responsável por grande parte das mortes na pandemia de covid-19.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Beatriz Boyadjian

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