Lula ataca política de preços da Petrobras (PETR4): ‘Farra do boi vai acabar’
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nome à frente das pesquisas eleitorais para a disputa presidencial deste ano, defendeu novamente hoje revisitar a política de preços da Petrobras (PETR4) e prometeu: “Nós não vamos manter o preço dolarizado”. “Pode se preparar que a farra do boi vai acabar”, avisou.
Em entrevista à rádio RDR, do interior do Paraná, Lula afirmou que seria compreensível que os preços praticados pela Petrobras – no caso os da gasolina, gás e diesel – para o mercado interno variassem conforme a cotação internacional, “se o Brasil não fosse um País autossuficiente ou estivesse importando porque não tem petróleo“.
“Eu acho que os acionistas de Nova York e os do Brasil têm direito de receber dividendo quando a Petrobras dá lucro, mas é importante que a gente saiba que a Petrobras tem que cuidar do povo brasileiro”, declarou Lula.
“Eu não posso enriquecer o acionista americano e empobrecer a dona de casa que vai comprar um quilo de feijão e paga mais caro por causa do preço da gasolina”, afirmou o ex-presidente.
Lula atacou interesses de “fatiar” a indústria brasileira de óleo e gás e atribuiu à “irresponsabilidade de quem está dirigindo este País” entregar para a iniciativa privada para comprar gasolina dos Estados Unidos e vender para os brasileiros a preço de dólar. Acusou as mais de 400 empresas brasileiras que importam gasolina dos EUA por capacidade de refino ociosa no Brasil.
“Quando descobrimos o pré-sal, diziam que nós não iríamos conseguir tirar o petróleo de 6 mil ou 7 mil metros de profundidade porque era muito caro. Eles não tinham noção da capacidade tecnológica da Petrobras, que extrai esse petróleo quase no mesmo preço que [custa] na Arábia Saudita”, afirmou o ex-presidente.
O petista também atribui à alta dos valores dos combustíveis parcela no aumento generalizado dos preços, o que, segundo ele, diminui o poder de compra de itens alimentares e consumo de energia.
Durante a entrevista, Lula refez críticas à condução do atual governo porque, segundo ele, “só sabe vender, não sabe criar”. “Isso não é governar, é destruir o patrimônio que se construiu”, disse Lula sobre a abertura do mercado de gás e a política de preços da Petrobras.
A política de preços da Petrobras tem sido alvo de críticas não só pelo ex-presidente Lula, mas também pelo atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro. No fim do ano passado, Bolsonaro disse que a estatal iria reduzir o preço de combustíveis e criticou a condução da política de preços.