100 dias de Lula 3: Impactos no mercado e o que esperar para os próximos 265 dias

O terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completa 100 dias nesta segunda (10), marcado por tensões internas e crises internacionais que também respingaram no Brasil. Para os especialistas, incertezas seguem no radar, o que fomenta um ambiente volátil na economia.

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Uma das principais dúvidas dos agentes econômicos nestes 100 dias do governo Lula era sobre a regra fiscal que substituirá o teto de gastos. Depois de semanas de mistério, o projeto foi apresentado ao público, “mas muitas respostas ainda estão em aberto”, afirma Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP Investimentos.

“Isso deve ajudar a manter a volatilidade no mercado em alta. Como resultado, ao longo dos 100 primeiros dias do ano, o mercado no Brasil teve desempenho inferior aos pares globais e emergentes”, complementa Ferreira, ao citar os eventos externos como as crises no Sillicon Valley Bank (Estados Unidos) e Credit Suisse (Europa).

Arcabouço fiscal, inflação e juros

Enquanto o teto de gastos limitava o crescimento das receitas, o plano apresentado por Fernando Haddad cria um limite variável entre 0,6% a 2,5%. Assim, quando bons ventos soprarem na economia, o governo poderá gastar mais. Nos momentos difíceis, as despesas extras serão menores.

“Boa notícia: há um limite para a expansão fiscal à frente. Notícia não tão boa: esse limite é amplo o suficiente para que a política fiscal continue expansionista, a menos que venha um aumento significativo (e incerto) da carga tributária“, destacam Caio Megale, Rodolfo Margato e Tiago Sbardelotto, da XP.

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Além disso, os ataques de Lula a Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, não foram bem vistos dentro do mercado. Porém, com os juros em 13,75%, esse embate segue longe de terminar.

De acordo com o Monitor Global da Inflação, levantamento feito pela Ipsos, oito em cada dez brasileiros (82%) acreditam que a alta dos juros no País contribui para o aumento do custo de vida.

Assim, a nível global, os brasileiros estão empatados com os romenos e sul africanos no segundo lugar dos países em que esta é uma das principais preocupações dos seus habitantes. O primeiro lugar do ranking é ocupado pela Coréia do Sul, com 85%. Contudo, na visão da XP, os juros podem começar a cair no segundo semestre deste ano.

E os próximos 265 dias: onde investir?

“A despeito dos choques financeiros externos e domésticos, que parecem, por ora, mais controlados, houve uma piora marginal na percepção de risco para os ativos no Brasil, principalmente pela rota de colisão que se desenhou no 1º trimestre de 2023 entre a política fiscal do novo governo e a política monetária do Banco Central”, comentam Rodrigo Sgavioli e Clara Sodré, da XP.

Assim, os especialistas enxergam uma perspectiva positiva para as seguintes classes de ativos: renda fixa pós-fixada, renda fixa inflação, multimercados, multimercados globais, alternativos/ativos reais e alternativos/private equity e venture capital.

“Caso haja espaço para redução de juros no Brasil, tendo a inflação de fato ficado mais controlada e sem uma desaceleração brusca na atividade econômica, podemos voltar a tomar mais risco na parcela de ativos locais, tanto via Renda Fixa IPCA+ quanto prefixada. Caso contrário, nos manteremos mais defensivos para atravessar um ano que pode ser turbulento de ponta a ponta tanto aqui quanto lá fora”, alerta a dupla em alusão aos próximos dias do governo Lula.

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Erick Matheus Nery

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