A filha do megainvestidor Luiz Barsi, Louise Barsi, afirmou que até o fim de dezembro de 2021, as posições em Cielo (CIEL3) e IRB Brasil (IRBR3) não ultrapassavam 3% da carteira de investimentos do seu pai.
A declaração sobre a carteira de Luiz Barsi foi dada em uma transmissão ao vivo do Ações Garantem Futuro (AGF) no YouTube. Na ocasião, Louise estava falando em conjunto com Fabio Baroni e Jean Melo.
“O IRB se enquadra na nossa carteira de oportunidades. Oportunidades que, se um dia derem certo, vão dar muito certo e pagar muitos dividendos, mas não existe certeza”, declarou Louise na transmissão ao vivo, na sexta (19).
Além disso, usou uma metáfora para explicar que o investimento em IRB segue em baixa alocação por conta do risco elevado. “É sempre o dinheiro da pinga e não do leite”, disse.
Ou seja, trata-se de um investimento que visa multiplicar o capital caso o racional esteja correto, mas não ocasiona perdas patrimoniais expressivas caso esteja errado e as ações caiam.
“Em empresas de oportunidade, como você tem que saber o quanto alocar? É aquilo que é suficiente para ganhar dinheiro, mas aquilo que, se você perder, você vai ter seu ego arranhado, e não seu patrimônio. É melhor ter seu ego ferido do que ter seus recursos abalados. É aquele percentual que, se der certo, fará a diferença, mas se der errado não atrapalhará seus planos na carteira previdenciária”, explicou Louise.
Sobre a alocação atual na carteira de Barsi, Louise citou que ‘IRBR3 continua mais ou menos na mesma, mas Cielo acabou despontando’, citando a alta dos papéis CIEL3.
No acumulado de 2022, as ações da Cielo subiram 154%, ante uma queda de 45% das ações do IRB. Por conta dos riscos, a volatilidade de ambos os papéis é alta, com 54 e 48 no indicador do Status Invest, respectivamente.
Como comparativo, o Ibovespa possui uma volatilidade na casa dos 20 no mesmo indicador.
Fala de Louise Barsi veio após imbróglio do IRB na imprensa
A transmissão ao vivo ocorreu após fontes de dentro da empresa que não foram identificadas terem dito ao Brazil Journal que a resseguradora faria um aumento de capital bilionário, com emissão de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão em ações, a fim de sanar problemas de liquidez.
A informação foi vazada à imprensa poucos dias antes da divulgação do balanço trimestral da companhia.
“A quem interessaria vazar uma informação daquelas? Se não fosse para causar o caos? Com certeza [quem vazou] não foi alguém que quer o bem da empresa”, disse Louise Barsi.
A investidora evitou outros comentários na ocasião por conta de integrar o Conselho Fiscal da companhia – o que, por sua vez, ocasiona em algumas limitações regulatórias para suas falas, por conta de regras de compliance.
“As pessoas com quem eu tenho interagido lá dentro [do IRB] estão empenhadas em fazer o negócio dar certo. O setor passa por um período conturbado; não é só o IRB, as resseguradoras de fora estão derretendo”, declarou.
Empresa veio a público falar sobre o caso
Conforme reportado pelo Suno Notícias, após as fontes internas citarem um possível aumento de capital de até R$ 1,5 bilhão, o IRB Brasil veio a público dizer que “avalia diversas alternativas disponíveis para o reforço de sua condição financeira”.
O documento arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), contudo, não cita os valores.
“[A empresa] estuda a possibilidade de realização de uma operação de captação de recursos, que em princípio consistiria em uma oferta pública subsequente de distribuição primária de ações ordinárias, todas nominativas, escriturais e sem valor nominal, de emissão da Companhia, todas livres e desembaraçadas de quaisquer ônus ou gravames, com esforços restritos de colocação, a ser realizada no Brasil”.
O eventual follow-on poderia fazer com que o preço das ações do IRB fosse a R$ 1. A atitude, como citado, seria a fim de sanar problemas de liquidez, já que os índices da companhias estão em nível próximo ao mínimo que é exigido pelos órgãos regulatórios.
Os especialistas do BB Investimentos, recentemente, deram seu parecer sobre o caso.
“Durante o 1S22, esses índices [de liquidez] sofreram forte deterioração. Em 30 de junho de 2022 o PLA (Patrimônio Líquido Ajustado) correspondia a 64% do CMR (Capital Mínimo Requerido) e a insuficiência no enquadramento da cobertura de provisões técnicas e liquidez regulatória era de R$ 729,7 milhões. Essa piora foi explicada pelo ‘efeito cauda’ proveniente de políticas implementadas pela antiga administração somado aos impactos da pandemia da Covid-19 e dos recentes eventos climáticos atípicos”.
Ainda em 2020, a empresa tomou fez uma emissão de ações para contornar o mesmo problema.
“Passados mais de 2 anos, e sucessivos prejuízos, na nossa visão ainda existe pouca visibilidade quanto à sustentabilidade da própria operação do IRB”, disse o BB-BI sobre a empresa, que conta com o investimento de Luiz Barsi.