O Santander manteve recomendação outperform, equivalente a compra, para as ações da Lojas Renner (LREN3), mas reduziu o seu preço-alvo. A equipe do banco estima menores lucros para os próximos anos.
“Apesar das estimativas reduzidas, ainda acreditamos que a Renner está entre as principais varejistas de moda no mercado brasileiro, o que deve se tornar mais evidente à medida que o ambiente do consumidor melhore”, afirma o Santander.
Os analistas do banco dizem manter uma visão construtiva sobre a varejista, com base no seu desconto de 9,9x o P/E (Preço/Lucro) para o final de 2024, que oferece uma combinação atraente de crescimento dos lucros e valor.
De acordo com o Santander, a Lojas Renner deve alcançar aumentos sequenciais na rentabilidade à medida que captura os benefícios dos investimentos feitos nos últimos anos, como o centro de distribuição de Cabreúva.
“Esperamos que a margem Ebitda do varejo se recupere para níveis semelhantes aos de 2019 a médio prazo. Em relação à Realize (finanças ao consumidor), estamos ligeiramente adiando nossas expectativas de recuperação da rentabilidade devido ao cenário macroeconômico mais fraco”, explica o banco.
Com isso, o banco recomenda compra dos papéis da Renner, com preço-alvo de R$ 20 (antes era de R$ 26).
As ações da Lojas Renner estão negociadas hoje a R$ 12,68.
Lojas Renner: Santander reduz previsão de receita
O Santander ainda reduziu a receita em média de 5% para o período de 2023 a 2025, por causa de um ambiente de vendas mais fraco.
Em relação à margem bruta, o banco espera uma recuperação mais lenta para um nível normalizado de cerca de 56%.
O Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi reduzido em 11%, impulsionado por uma captura mais lenta da alavancagem operacional devido à revisão da receita e lentidão na melhoria da rentabilidade do Realize.
“Por fim, cortamos nossas estimativas de lucro líquido da Renner em cerca de 14% em média para 2023-25, em grande parte porque excluímos os benefícios fiscais do imposto de renda sobre juros sobre capital a partir de 2025, devido às incertezas circundantes”, conclui o Santander.
Companhia lucrou R$ 230 mi no 2T23
A Lojas Renner (LREN3) apurou lucro líquido de R$ 230 milhões no segundo trimestre de 2023. O resultado foi 36% menor do que o visto no mesmo período de 2023. Segundo a companhia, a queda se deu em razão da “menor geração operacional dos segmentos de varejo e serviços financeiros”.
A companhia cita ainda a menor alíquota efetiva de IRCS, em função do reconhecimento de incentivos fiscais como subvenção para investimentos.
O Ebitda Ajustado Total da Lojas Renner (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 482 milhões, com queda de 31% sobre o apresentado um ano antes. A companhia afirma no release de resultados da Lojas Renner que esse declínio se deu, também, essencialmente em função do menor desempenho dos segmentos de varejo e serviços financeiros.
A empresa diz que observou durante o trimestre, especialmente nos meses de abril e maio, um cenário mais desafiador de vendas. “Sobre o evento de Mães, foi alinhado à dinâmica geral do trimestre e com clientes buscando produtos com menores tíquetes e comprando menos itens por sacolas. O mês de junho, por sua vez, apresentou desempenho superior, com crescimento de peças ante o ano anterior”, escreve a gestão.
A receita líquida de varejo da Renner foi de cerca de R$ 3 bilhões, com queda de 6% sobre o apresentado no segundo trimestre de 2022. “O contexto macroeconômico ainda desafiador, com inflação acumulada, juros elevados e inadimplência pressionada, seguiu afetando o poder de compra e comportamento dos clientes. Esse impacto foi mais pronunciado nas lojas de perfil popular, que estão expostas a consumidores mais sensíveis a preço”, explica a empresa.
A Renner argumenta, porém, que a forte base de comparação do mesmo período do ano passado também influencia a queda. Há um ano, houve crescimento expressivo dos volumes de vendas, com alta de 40,6% ante o ano anterior, devido à combinação de demanda reprimida pós-pandemia e condições climáticas favoráveis para a venda da coleção de inverno, “cuja dinâmica foi diferente neste ano”, diz a varejista.
Receita de serviços financeiros sobe 15%
As receitas dos serviços financeiros líquidos de custos de captação foi de R$ 488 milhões, com alta de 15%. As perdas líquidas, por sua vez, seguiram impactadas, “em razão da continuidade do contexto macroeconômico mais difícil e do alto endividamento das famílias, resultando em maior provisionamento de perdas do portfólio em atraso, garantindo as coberturas necessárias”, diz a gestão da Renner em seu release de resultados.
A companhia afirma que este comportamento foi mais acentuado em safras com mais de 12 meses e, nas safras mais recentes, “seguiu-se percebendo melhor comportamento de crédito”.
A Renner afirma, porém, que em junho houve melhora na inadimplência da Realize, principalmente na formação de saldo acima de 90 dias (NPL90 formation), que ficou entre os menores patamares dos últimos 15 meses. As contas vencidas representaram 28,6% da carteira total da Realize no segundo trimestre, frente a 24,3% no mesmo período de 2022.
Desempenho das ações da Lojas Renner
Cotação LREN3