O BTG Pactual reiterou recomendação de compra para as ações da Lojas Renner (LREN3), acreditando em “ventos favoráveis” nos próximos trimestres. Para o BTG, iniciativas como melhora do sortimento e os prazos com o recém-inaugurado centro de distribuição devem impulsionar a lucratividade e a produtividade da loja.
“O caso de negócios da Renner teve uma clara dicotomia nos últimos trimestres. Depois de construir um dos históricos mais longos e bem-sucedidos entre os varejistas brasileiros, a empresa enfrentou desafios crescentes em suas divisões de varejo e financiamento ao consumidor, agravados pelo cenário macroeconômico mais desafiador”, pontua o BTG.
Nos últimos anos, segundo analistas, os volumes de venda no varejo permanecem abaixo dos níveis pré-pandêmicos, refletindo a sensibilidade da demanda a preços mais altos. No caso da Renner, o número de itens por compra diminuiu em relação a 2019, mas o tráfego mostrou alguns sinais de recuperação recentemente.
Atualmente, o pipeline de abertura de lojas da Renner visa cidades com mais de 50 mil habitantes e forte renda per capita (a maioria das novas lojas deve estar localizada nas regiões Sul e Sudeste).
“Nos próximos 2 e 3 anos, espera-se que a margem bruta aumente 100-150 pontos-base, e a recuperação gradual do volume e os ganhos de eficiência do centro de distribuição devem levar a 300 pontos-base de diluição de SG&A (despesas gerais e administrativas)”, diz a equipe do BTG.
Neste contexto, os ganhos potenciais do novo centro de distribuição da Lojas Renner, localizado em São Paulo, além dos benefícios da queda das taxas de juros para o Realize e uma avaliação atraente de 12x P/E para 2024, fazem o BTG recomendar compra das ações das Lojas Renner, com preço-alvo de R$ 22.
Lojas Renner: varejista deve ganhar em produtividade com novo CD, apontam analistas
A Renner concluiu seu novo centro de distribuição (CD), em Cabreúva (SP), onde investiu R$ 750 milhões, mais aporte de R$ 500 milhões da Kinea.
De acordo com o BTG, o novo CD deve garantir ganhos de logística de KPI e menores prazos de entrega em sua operação de e-commerce. “A triagem no novo CD está programada para aumentar a personalização do sortimento para cada loja, melhorando os níveis de estoque e reduzindo rupturas.”
Além disso, a empresa também visa realizar 70% a 80% das entregas online dentro de 48 horas até 2025, por meio do novo CD e de um modelo mais omnicanal.
Pressões contínuas de Fintechs
O BTG ainda pontua que a Renner ainda deve enfrentar pressões contínuas das fintechs e cartões de crédito de terceiros na originação de crédito, potencialmente criando uma seleção adversa e prejudicando a lucratividade.
Atualmente, dois terços dos usuários de crédito da Lojas Renner pertencem às classes de renda B e C. A inadimplência permanece alta, mas a formação de NPL mostrou melhoras graduais.
“Esperamos que a Realize melhore seus KPIs após um período de originação mais baixa (atingindo o ponto de equilíbrio no próximo ano), mas acreditamos que a economia (e a parcela do EBITDA consolidado) será estruturalmente mais baixa do que a média histórica”, conclui o BTG.
Lucro tem queda de 32,9% no 3T23
A Lojas Renner anunciou um lucro líquido de R$ 172,9 milhões no terceiro trimestre de 2023 (3T23), conforme balanço trimestral.
O resultado da Lojas Renner no 3T23 mostra uma queda de 32,9% em relação ao lucro registrado no mesmo período do ano passado, que foi de R$ 257,9 milhões.
A baixa no resultado aconteceu mesmo com um ligeiro aumento da receita líquida consolidada, que avançou para R$ 3,09 bilhões no 3T23, variando +2,6% em relação ao 3T22.
“Durante o terceiro trimestre, observou-se um cenário de consumo ainda desafiador, especialmente em agosto. Esse impacto seguiu mais pronunciado nas lojas de perfil popular, que estão expostas a consumidores com poder de compra e situação de crédito mais pressionados no contexto atual”, diz o balanço da Renner.
Por outro lado, a companhia destacou o aumento das vendas realizadas em setembro, com alta na quantidade de transações e no número de peças comercializadas.
A margem bruta apresentou uma leve queda de 0,2 ponto percentual, chegando em 53,6% ao final do 3T23, mesmo com as alterações nos preços dos produtos.
Além do ajuste de estoques e da utilização de seu novo centro de distribuição, a Renner acredita que isso se deve ao “equilíbrio de custos e câmbio, além do menor nível de remarcação”.
Desempenho anual das ações da Renner
Cotação LREN3