A Localiza (RENT3) cai quase 3,20% por volta das 12h, negociada a R$ 62,11, após divulgar seu balanço na noite desta segunda-feira (3). O mercado responde a números um pouco abaixo do consenso – o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 806 milhões, apesar de crescer 27% na base anual, veio 4% abaixo do consenso da Bloomberg e 3% menor que o do Goldman Sachs. Esta última casa, porém, continua com visão positiva para a empresa, mantendo sua recomendação de compra e o preço-alvo em R$ 69,90.
“Reiteramos nossa visão otimista da Localiza visto que vemos a empresa bem posicionada para se beneficiar da recuperação econômica em curso”, afirmam os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Osmar Gamilo, do GS. Eles pontuam também que o cenário futuro é positivo sem nem levar em consideração a possível fusão com Unidas (LCAM3), que depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A Localiza conseguiu aumentar a sua receita provinda do aluguel de carros (RAC) e aluguel de frotas em 10% com tarifas mais altas e com o avanço do aluguel de frotas crescendo 5% no ano (abaixo dos 8% projetados pelo banco). Os dois compensaram a queda de volume de 5% (frustrando o consenso de alta de 5% do GS) no aluguel de carros na comparação com o primeiro trimestre de 2020.
Problemas na linha de produção nacional de carros impacta Localiza
O impacto foi, em grande parte, também causado pela diminuição da venda de carros de 24% na base anual – motivada pela redução da oferta de carros novos no mercado, o que impossibilitou a companhia trocar seus veículos, por conta dos problemas de linha gerados pela pandemia da covid-19.
O menor número de carros novos, porém, permitiu a Localiza a cobrar mais pelos carros usados que vende, com alta de 23% no preço ao ano. A margem Ebitda no segmento de vendas avançou para 13,5%. Os analistas acreditam que esse cenário é momentâneo, apesar de a normalização poder ainda durar algum tempo. A menor oferta dos carros gerou também uma menor depreciação dos carros da localiza, que caiu 14% no ano.
Por outro lado, o envelhecimento da frota, e a impossibilidade de trocar os carros, resultou em maiores custos de manutenção, que foram somados no Ebitda geral aos impactos do avanço da covid-19, com mais restrições de mobilidade. Para o GS, assim como os maiores lucros com a venda de usados, esses impactos também devem sumir com a normalização do cenário.
“Em suma, bons resultados, mas menores margens EBITDA nos segmentos RAC e frota foram um ponto de atenção, compensados em parte pelos fortes ganhos nas vendas de seminovos, que não são necessariamente sustentáveis no longo prazo” afirma o Goldman Sachs sobre o relatório da Localiza.
