Com débitos que ultrapassam a casa dos R$ 7 bilhões, a Light (LIGT3) tenta costurar com seus maiores credores um acordo standstill, uma espécie de “trégua” em possíveis execuções ou aceleração de vencimentos das dívidas. De acordo com informações divulgadas nesta quarta (5), o objetivo deste plano é ganhar tempo para a construção do plano de reestruturação do passivo financeiro e também das discussões com o governo para a renovação da concessão.
Segundo a Coluna do Broadcast, do jornal O Estado de São Paulo, a empresa de energia entende que os trâmites com as autoridades e com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a antecipação da renovação da concessão devem durar, no mínimo, um ano.
Com esse futuro incerto, as negociações com os credores e potenciais novos investidores tornam-se praticamente inviáveis. A dívida da Light é superior a R$ 7 bilhões, sendo que os débitos estão pulverizados entre milhares de investidores que compraram debêntures da empresa.
Até o momento, a empresa segue conversando com grandes credores para tentar formar um consenso que influencie os demais. Porém, junto a essa dificuldade para que medidas importantes sejam aprovadas, muitos gestores de fundos encontram-se frustrados com a companhia.
A Light contratou a assessoria financeira Laplace, mas o plano de reestruturação ainda não foi formatado. Nos últimos seis meses, as ações da Light amargam uma queda superior a 65% na Bolsa. Confira o gráfico:
Cotação LIGT3
Light fecha 2022 no prejuízo
A distribuidora de energia do Rio de Janeiro fechou 2022 com um prejuízo líquido de R$ 5,6 bilhões, afetada por efeitos não recorrentes contabilizados no quarto trimestre. Em 2021, a Light havia registrado lucro de R$ 398 milhões.
No ano passado, a receita líquida da empresa foi de R$ 13,3 bilhões e o Ebitda, que mede a capacidade de geração de caixa, registrou R$ 1,7 bilhão, 28% superior a 2021.
Segundo a companhia, a maior parte dos ajustes que impactaram o quarto trimestre de 2022 se refere a uma provisão para devolução integral de créditos de PIS/Cofins aos consumidores nos termos da Lei 14.385/2022. Essa provisão afetou negativamente o resultado líquido em R$ 2,7 bilhões.
Procurada pelo Estadão, a Light e a Laplace não se manifestaram.