A Light (LIGT3) informou ao mercado sobre eventual novo plano de recuperação judicial, dizendo que não há nova versão no momento. A afirmação vem em resposta a um ofício da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e B3, questionando sobre notícia na imprensa na quinta-feira, 28.
Como antecipou o Estadão/Broadcast, via fontes, está em debate uma nova proposta de pagamento das dívidas da Light, que alcançam R$ 11 bilhões. O plano de recuperação judicial da Light prevê a conversão de 40% dos débitos de cada credor em ações, e o restante dos débitos, 60%, seria pago num prazo de oito anos e com remuneração equivalente à variação do IPCA.
A Light afirma ser “prática comum e corriqueira” no contexto de recuperação judicial que, após apresentação do plano, a administração continue mantendo interações com os credores sobre eventuais modificações, mas que “no momento não é possível precisar se e quando” ocorrerão.
No comunicado, a empresa nega haver proposta madura a ponto de ser protocolada. “Tais tratativas encontram-se em curso e até o presente momento não houve nenhuma decisão quanto ao tema, inexistindo uma nova proposta para a reestruturação que esteja madura e definitiva a ponto de ser submetida mediante protocolo de uma nova versão do referido plano no processo de recuperação judicial.”
Light: nova proposta a credores teria conversão de parte das dívidas em ações
A nova proposta da Light incluiria pagamento das dívidas da companhia, que alcançam R$ 11 bilhões. O plano teria a conversão de 40% dos débitos de cada credor em ações e elimina o complexo plano de recuperação judicial apresentado em julho, que foi amplamente rejeitado por credores de diferentes perfis.
Para quem aderir à proposta de conversão, o restante dos débitos, 60%, seria pago num prazo de oito anos e com remuneração equivalente à variação do IPCA mais 4% ao ano, disseram fontes próximas às negociações. O preço de conversão seria baseado na média das cotações dos últimos 45 dias, acrescentaram.
Para quem não aderir à conversão, o prazo de pagamento seria de 15 anos, com remuneração de IPCA mais 2% ao ano.
A proposta se dá em paralelo à intenção do empresário Nelson Tanure – cuja asset WNT é a maior acionista individual da elétrica, com 30,05% – de fazer uma injeção de R$ 1 bilhão na companhia, como informou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Tanure procurou representantes dos credores recentemente e apresentou informalmente a ideia.
O novo plano de pagamento da Light encontrou mais simpatia entre pequenos credores. Um dos motivos é o fato de que eleva de R$ 10 mil para R$ 20 mil o valor que a companhia se propõe a pagar integralmente e à vista, de acordo com as fontes.
Com a elevação do teto, a companhia consegue abranger uma fatia maior dos investidores que compraram debêntures da Light.
Para um negociador ouvido pelo Broadcast, o novo formato ainda não é o ideal, mas abre caminho para negociações, o que era impossível com o plano apresentado em julho.
Contudo, a proposta de conversão não foi bem vista por negociadores dos bancos, de acordo com fontes que falaram sob condição de anonimato. “O problema é que, na visão deles, a proposta para quem não converte precisa ser bem ruim para forçar a conversão, que não é atrativa isoladamente. Isso gera um impasse”, disse uma pessoa próxima das negociações. “O ideal seria que as duas propostas fossem razoáveis isoladamente para atrair quem tem esse apetite e não forçar quem não tem.”
Ao elaborar uma proposta que tende a agradar mais os pequenos credores, a Light poderia reunir um bloco de negociação e ganhar poder de barganha com os bancos. Os debenturistas, de diferentes perfis – pessoas físicas e fundos de investimento – somam R$ 7 bilhões.
O universo de credores da elétrica abrange mais de 40 mil investidores pessoa física, 250 fundos de investimento e dez instituições financeiras, nacionais e estrangeiras, conforme a companhia. A exposição da Light bancos está na casa de 8% do total das dívidas.
(Com informações do Estadão Conteúdo)