Em meio a uma crise severa, com um dos sócios acionistas de referência da Americanas (AMER3) e uma renegociação com credores de uma dívida que totaliza R$ 8,6 bilhões (dados da dívida líquida do Status Invest), a Light (LIGT3) ganhou um novo – e relevante – sócio.
Trata-se do empresário Nelson Tanure, que comprou recentemente ações da Light e pretende adquirir novos lotes, ultrapassando assim o patamar de 5% – o que vai exigir um comunicado oficial na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Com a notícia os papéis da companhia sobem mais de 13% na bolsa.
O movimento segue a estratégia usual de Tanure de comprar ações de companhias em crise, como o ocorreu com a Oi (OIBR3) em meados de 2016 e com a Alliar (AALR3).
Atualmente, além de renegociar as dívidas, a companhia visa renovar a concessão dos serviços de distribuição de energia no Rio de Janeiro.
As novas fatias de papéis da Light a serem adquiridas por Tanure podem ser de acionistas que têm uma participação relevante na companhia.
Cotação LIGT3
Conforme os dados da área de Relação com Investidores (RI) da Light, o fundo Samambaia, de Ronaldo Cezar Coelho, possui participação de 20,01%, a Tempo Capital tem 7,16%, a Black Rock conta com 9,29%, e um dos maiores sócios da Americanas, Carlos Alberto Sicupira, soma 10,16%.
Além disso, quase 54% das ações está no free float.
Light vê ‘alento’ em meio à crise com possível revisão extraordinária na tarifa
A Light negocia junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) uma revisão tarifária extraordinária. De acordo com informações divulgadas pela Coluna do Broadcast na terça (2), caso a proposta seja aprovada daria um alento na operação da concessionária de energia.
Segundo a reportagem, essa foi uma das medidas apresentadas pela Light à Aneel na semana passada para amenizar a crise. Caso a revisão tarifária seja aprovada, a empresa teria mais fôlego financeiro para cumprir seus compromissos.
A empresa conta com uma proteção jurídica que suspendeu as cobranças dos credores e debenturistas por 30 dias, prazo prorrogável por esse mesmo período.
Ao Broadcast, a Aneel confirmou que se encontrará com o conselho de administração da Light “para atualizar sobre as condições de prestação do serviço” e disse que não se manifestaria sobre os temas debatidos no encontro.
Proibida de entrar em recuperação judicial, LIGT3 desenha estratégia para sair da crise
Com uma dívida superior a R$ 11 bilhões, a empresa estuda a possibilidade de entrar em recuperação judicial mesmo sendo proibida de contar com esse suporte jurídico.
De acordo com informações publicadas nesta quinta (20), a empresa investida por Carlos Alberto Sicupira pode usar uma estratégia para conseguir as proteções asseguradas pelo sistema de recuperação.
De acordo com fontes da Coluna do Broadcast, do jornal O Estado de São Paulo, um dos caminhos na pauta da crise da Light é pedir a recuperação judicial das outras empresas do grupo, e não da distribuidora de energia em si — que é proibida pela lei de usar essa modalidade.
Assim, os benefícios concedidos às subsidiárias podem ser expandidos para a empresa-mãe, conforme o entendimento do juiz.
Outra estratégia seria fazer um teste com a lei 14.112, de 2020, que mudou a lei de 2005 sobre o tema. A nova versão omite as concessionárias de energia no texto. Ou seja, conforme o entendimento dos juristas, será possível dizer se a proibição está em vigor ou não.
Atualmente, a Light conta com uma proteção jurídica que suspende os vencimentos temporários da empresa. Essa mediação pode ser prorrogada por mais 30 dias.