Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, Joaquim Levy defendeu corte nos subsídios dados ao setor agrícola. A declaração foi feita nesta terça (26) no 20º CEO Brasil 2019 Conference, evento organizado pelo BTG Pactual em São Paulo.
“A ideia é que o desmame [dos subsídios à agricultura] tem que acontecer”, disse Levy. No começo do mês, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que um corte radical nos subsídios poderia desarrumar o agronegócio. O setor corresponde a 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
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Para ele, o BNDES se tornou “o parceiro número um do aumento da produtividade” ao financiar máquinas para a agricultura. Deu exemplo da cultura da cana de açúcar. “Algumas áreas do setor eram pastagens, que passaram a ser usadas para plantação mecanizada. As áreas com um setor sucroalcooleiro moderno criaram classe média que não existia”, disse.
Levy também respondeu a perguntas sobre a crise que atingiu o setor, marcada por pedidos de recuperação judicial e fechamento de unidades produtoras de açúcar e etanol. “Se não funcionou, não funcionou. Temos que ser absolutamente capitalistas. É a perda do capital do investidor”.
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A reforma da Previdência não deixou de ser tratada. O executivo disse que a reforma “é importante para dar estabilidade e atrair investidor” e que só com ela aprovada haverá parceiros do setor privado para financiar projetos com o banco. Ele deu peso à importância de se ter previsibilidade fiscal no Brasil, a fim de que o mercado possa assumir riscos de maior prazo. “O sistema só destrava com previsibilidade fiscal, que começa com a Previdência. Se tiver reformas setoriais, estas são também indispensáveis”, declarou.
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