Uma gestora austríaca está processando o bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann e alguns dos seus principais sócios na 3G Capital, segundo o jornal O Globo.
Segundo a publicação, a gestora Erste Asset quer reabrir um caso baseado em acusações de que eles arquitetaram um esquema de venda de US$ 1,2 bilhão em ações da Kraft Heinz (KHCB34) com base em informações privilegiadas em 2018, pouco antes de a companhia controlada pelo veículo dos brasileiros divulgar informações que fariam seus papéis despencarem na Bolsa.
Ainda de acordo com o jornal, a ação original foi movida por fundos de pensão em 2019, mas acabou sendo arquivada pela Delaware Court of Chancery, que existe há mais de dois séculos e é um dos principais foros para resolução de disputas corporativas nos Estados Unidos.
Em 2022, a corte entendeu que a ação não conseguia comprovar que havia laços que colocassem em xeque a independência do conselho de administração da Kraft Heinz durante a operação acionária de 2018, diz o Globo.
Entretanto, conforme o jornal, a Erste Asset argumenta que novas evidências comprovam que os sócios da 3G só conseguiram que aquele caso fosse arquivado graças a uma fraude documental. Segundo a gestora, documentos comprovam que um número maior de conselheiros da Kraft tinha relação direta com a 3G.
O que diz a petição da gestora?
Entre os conselheiros que são alvo do novo processo está John Cahill, o ex-diretor-presidente da Kraft Heinz e que está no conselho da companhia até os dias atuais.
“A 3G resolveu seu problema judicial fazendo com que a Kraft Heinz fizesse divulgações públicas falsas e enganosas sobre os acordos de compensação de Cahill e Zoghbi (George Zoghbi, que foi conselheiro até 2021), a partir de agosto de 2019. Ao fazer parecer que Cahill era independente da 3G de acordo com a lei de Delaware, a Kraft Heinz e a 3G obtiveram o arquivamento do processo anterior”, relata a petição da Erste Asset, à qual o Globo teve acesso.
Segundo a gestora, eram falsas as afirmações de que Cahill era “ex-consultor” da Kraft Heinz. A Erste diz no documento que agiu “após a descoberta de fatos fraudulentos ocultados em relação à consultoria contínua de Cahill, à aprovação de acordos de compensação revisados para sua consultoria em andamento e ao papel de Behring em apoiar um relacionamento de consultoria contínuo com Cahill”.
O Behring citado é o brasileiro Alexandre Behring, cofundador da 3G que foi CEO da Kraft Heinz. Além de Lemann e Behring, são acusados no processo vários brasileiros, entre eles Marcel Telles, um dos braços-direitos de Lemann e um dos homens mais ricos do Brasil, e Bernardo Hees, que já foi CEO de Heinz e Burger King.