No leilão de ativos móveis da Oi (OIBR3) realizado nesta segunda-feira, a grande beneficiada foi a Tim (TIMS3), de acordo com o BTG Pactual. As sinergias devem gerar um valor extra de R$ 7,3 bilhões para a Tim, ou R$ 3 por ação, equivalente a 21% do valor de mercado da empresa.
Já para a Vivo (VIVT3), o BTG estima criação de valor de R$ 4,6 bilhões, ou R$ 2,7 por ação (6% do valor de mercado).
As três operadoras vão dividir os ativos móveis da Oi em três:
- A Tim vai ficar com a maior parte do ativo: 54% do espectro, 40% dos clientes e 49% dos sites móveis, e vai pagar R$ 7,3 bilhões.
- A Vivo comprou 46% do espectro, 29% da base de clientes e 19% dos sites por R$ 5,5 bilhões.
- A Claro, que tem mais espectros que Tim e Vivo, não comprou espectro. Levou 32% da base de clientes e sites, pagando R$ 3,7 bilhões.
Tim vai fechar gap de espectro
Em relatório, o banco explicou que a Tim tem muito menos espectro que a Claro (57Mhz ou 33,5% menos) e menos que a Vivo (26Mhz ou 19% menos).
“Com a aquisição de 49 Mhz do espectro da Oi, a Tim vai fechar o gap (lacuna) de espectro de uma forma importante, tanto em relação à Claro quanto em relação à Vivo”, afirmou o BTG.
O gap em relação à Claro vai cair para apenas 8Ghz (5% menos) e frente à Vivo para 20 Mhz (11% menos). Além disso, o BTG destacou que a Tim assegurou um bloco de espectro adicional de 10+10Mhz na frequência 2,5Gz (espectro 4G), que é contíguo ao bloco 10+10 Mhz que a Tim possui na mesma frequência.
Desta forma, a Tim agora terá uma banda de 20+20Mhz em 2,5Gz. “Entre as três maiores operadoras, a Tim era a única a ter 10+10Mhz na banda 2,5G. Tanto a Vivo quanto a Claro já possuíam 20+20Mhz.”
Grande oportunidade de gerar valor
O BTG afirmou que as sinergias serão consideráveis, e virão principalmente da otimização de despesas, custos de manutenção de rede e Capex. “As margens incrementais para as operadoras podem variar entre 50% e 70%, conforme o comprador recebe 100% das receitas da Oi, mas não 100% dos custos”, explicou o BTG.
Segundo as estimativas do banco, 44% das vendas/Ebitda da Oi serão incorporadas pela Tim com margem Ebitda marginal de 60%. Caso isso se confirme, a Tim adicionaria um Ebitda extra de R$ 1,95 bilhão com a compra da Oi.
Além disso, a Tim + Oi investiria 20% das suas vendas combinadas, 10% menos do que cada uma está investindo atualmente.
Os analistas do BTG destacaram que a compra de 44% da operação móvel da Oi pela Tim acrescenta cerca de R$ 1,8 bilhão em fluxo de caixa livre operacional adicional, antes de impostos.
Isso significaria um valor justo pelo ativo de R$ 17,8 bilhões, pelo qual a Tim está pagando R$ 7,3 bilhões. “Após impostos, a criação de valor chegaria R$ 7,3 bilhões ou R$ 3 por ação – 21% do preço atual da ação da empresa.”
Vivo também sai ganhando, mas menos
Já a Vivo, com a compra de 43Mhz de espectro, recuperou a posição de maior detentora de espectro no Brasil. A empresa havia perdido a primeira posição para a Claro, depois que a Claro comprou a Nextel Brasil, alguns anos atrás.
Segundo o BTG, a Vivo também se beneficia com a consolidação do setor de telefonia. “Naturalmente, não tanto quanto a Tim porque a Vivo está comprando uma parte menor do ativo (33%).”
Segundo o cálculo do BTG, a Vivo deve ter um adicional de Ebtida de R$ 1,5 bilhão com a compra da Oi.
A compra de 33% dos ativos móveis da Oi deve adicionar R$ 1,2 bilhão em fluxo de caixa livre adicional, antes de impostos. Isso significaria um valor justo de R$ 12,1 bilhões pelo ativo, e a Vivo está pagando R$ 5,5 bilhões.
A criação de valor após impostos seria de R$ 4,6 bilhões ou R$ 2,7 por ação, 6% do preço adicional da ação da Vivo.
Compra da Oi é movimento forte e estratégico, diz BTG
Ao comprar as operações móveis da Oi, a Tim, Vivo e a Claro conseguem três grandes vantagens, segundo o relatório:
- Acesso ao espectro da Oi de 92Mhz nas bandas de frequência 900Mhz, 1.8 Ghz, 1.9 Ghz e 2,5Ghz.
- Benefício de sinergias operacionais e de investimentos.
- Bloqueiam a entrada de novos competidores no setor, deixando o mercado com apenas 3 operadoras no longo prazo.
No caso da Oi, a venda de ativos é mais um passo na recuperação da empresa. “Ao vender a unidade móvel, a empresa já vendeu cerca de R$ 18 bilhões, ou 73% dos R$ 24,5 bilhões que a companhia deve levantar com a venda de ativos”, destacou.
O próximo passo para a Oi é vender ativos de infraestrutura por R$ 6,5 bilhões, o que deve ocorrer no primeiro trimestre de 2021.